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Semáforo da Alimentação

Temas

  • saúde física e esporte

Porto Alegre - RS

Ano de Inscrição: 2018

status Finalista

ODS

23/05/2019 - Por Helisa Ignácio

Estudantes de Porto Alegre (RS) criam ferramenta para refletir sobre consumo de alimentos na escola

Para a fruta na lancheira, a cor verde. Para o leite, amarelo. Para o salgadinho engordurado, sempre vermelho. Essas três cores serviram de inspiração para o projeto Semáforo da Alimentação, criado em 2016 por estudantes do 4º ano do ensino fundamental na EMEF Saint Hilaire, em Porto Alegre (RS). Percebendo a má dieta de seus colegas, o grupo se utilizou de um método lúdico para mostrar aos demais alunos como é possível se alimentar bem e ainda assim não deixar de comer pratos saborosos. O projeto foi um dos finalistas do Desafio Criativos da Escola de 2018

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A preocupação com a temática teve seus primórdios nas aulas da professora Maria Gabriela de Souza, quando ela apresentou à turma o documentário “Muito Além do Peso”, que fala sobre obesidade infantil e mostra como uma alimentação saudável pode ser importante para o desenvolvimento de crianças e jovens.

A aluna Eduarda Quintana, hoje com 13 anos, mas na época com 10, lembra-se que o filme foi o grande responsável por ela se despertar para a questão. “Eu achava muito legal o tema e também a ideia de que, além de ter uma alimentação saudável, eu poderia ensinar outras crianças o mesmo”.

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Para a educadora, o ato de se alimentar bem deve perpassar o projeto político pedagógico de qualquer gestão escolar: “é um assunto caro de ser trabalhado, principalmente com as crianças pequenas, cujos hábitos ainda estão em formação e podem também influenciar o de seus pais e da comunidade”.

Uma investigação alimentícia

Os 15 alunos envolvidos no projeto se propuseram à atividade de descobrir o que as crianças comiam na hora do recreio. Constataram dois pontos preocupantes: a grande quantidade de alimentos industrializados, como salgadinhos e refrigerantes, era o tipo preferido dos colegas. Enquanto isso, uma grande quantidade de alimentos saudáveis era desperdiçada da merenda escolar.

“A gente chegava no refeitório e via até que estavam jogando comida fora. Começamos então a fazer um questionário com os estudantes da escola para mudar isso”, relata Mariane Rampanelli, hoje na 6ª série do ensino fundamental.

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Alunos conseguiram levar para a sala de aula a reflexão sobre alimentação saudável / Divulgação

Foram entrevistados mais de 100 alunos com o questionário. Eles eram perguntados sobre seus hábitos alimentares não somente dentro do ambiente escolar, mas também sobre o que comiam em casa. Alimentos como salsicha, sucos em pó e açúcar figuravam entre os grandes vilões dessas dietas.

Durante a feitura da pesquisa, os próprios alunos que encabeçavam a iniciativa perceberam que, se queriam mudar os hábitos do seu entorno, tinham que começar por si mesmos.

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A educadora Maria relembra que, durante a investigação, os alunos organizaram uma assembleia para discutir como proceder: “eles listaram os comportamentos que tinham, perguntando-se ‘como a gente pode fazer conversas sobre alimentação se a gente fica tomando Coca-Cola?’. Pouco a pouco eles transformaram seus hábitos, falando orgulhosos que tinham trazido maçã e outros alimentos saudáveis”.

Aprender entre pares

Para se comunicar com as demais crianças, os alunos desenvolveram uma metodologia lúdica: era o Semáforo da Alimentação. Eduarda relata como ele ocorria: “eu e meus colegas íamos às classes levando um semáforo e um rádio que tocava uma música para entreter os alunos. Recortamos várias comidas de revistas e as colocávamos nas três cores. Verde é saudável e pode comer sempre, amarelo tem que comer com moderação e vermelho tem que evitar”. Depois disso, eles colocavam várias comidas de mentira no chão e pediam aos alunos para mostrar se haviam aprendido.

O Semáforo da Alimentação já dura quatro anos e tem se desdobrado para outras iniciativas: as oficinas foram levadas para outras escolas da região; os alunos se apropriaram de uma horta escolar, plantando hortaliças que podem ser usadas na merenda escolar. Os estudantes realizaram, ainda, uma intervenção, fechando a rua em frente à escola, com o intuito de conscientizar a comunidade ao redor.

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Os estudantes realizaram uma conscientização dentro e fora da escola/ Divulgação

Para a educadora responsável, grande parte do sucesso da iniciativa foi por que a comunicação e os aprendizados aconteciam entre crianças. “Os alunos mais velhos, que foram crescendo ao longo do projeto, se converteram em mediadores e referência da questão da alimentação, sempre mostrando aos mais novos o que estavam comendo. Eles então se tornando espelhos para as turmas mais novas”, ressalta.

Hábitos alimentares para além da escola

Mudar os hábitos alimentares das crianças implicou, automaticamente, em impactar as rotinas dos pais e da comunidade. Isso trouxe desafios para o projeto: além de pais que vinham reclamar que os filhos não aceitavam mais comer determinados alimentos, a iniciativa desvelou como a alimentação da comunidade de Lomba do Pinheiro, onde a escola está inserida, é diretamente impactada pela vulnerabilidade social.

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“A escola está localizada no centro de uma comunidade de trabalhadores e trabalhadoras em uma situação de vulnerabilidade muito grande, que não se dá conta que a alimentação é um direito e que compra alimentos pouco saudáveis porque às vezes eles são os mais baratos”, relata Maria. Foi vencendo a resistência com a ajuda dos alunos que as famílias começaram a fazer oficinas que debatiam a questão política e social dos saberes alimentares.

Atualmente, os pais abraçam mais o projeto e não mais se perguntam o que vão usar para substituir salsicha ou sucos artificias. Pelo contrário, se envolvem com as oficinas e com a produção de vídeos, além de testarem receitas diferentes com alimentos novos. “Gostei de fazer o projeto porque pude estudar e entender por que é ruim comer salgadinho. Minha alimentação mudou”, conclui Eduarda.

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Redação: Cecília Garcia
Edição: Jéssica Moreira
Imagens: Divulgação

Editado em 25 de agosto de 2021

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