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Alunas querem acabar com testes em animais na indústria cosmética

Temas

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  • cidadania e direitos humanos
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  • meio ambiente e sustentabilidade
  • mobilização comunitária
Meninas mexendo em computadores

Sumaré - SP

Ano de Inscrição: 2021

status Premiado

ODS

21/07/2022 - Por Nayra Teles da Silva

Com o projeto Animais Gritam por Socorro, três adolescentes de Sumaré (SP) alertam a sociedade sobre os testes em animais na indústria cosmética e a urgência de se consumir produtos livres de crueldade em sua fabricação. 

Em 2021, o curta-metragem “Save Ralph” viralizou na internet. A animação mostra a rotina de Ralph, um coelho usado como cobaia em um laboratório de produtos cosméticos. A produção faz parte de uma campanha contra testes em animais realizada pela Humane Society International e que impactou o mundo todo.

Depois de assistirem ao filme, as alunas  Hevelin dos Santos, Joice Polotto e Larissa Dominique, de 12 anos, se sensibilizaram com a causa e decidiram atuar por ela. “As pessoas deram muita atenção para isso, mas, só quando o filme estava viralizado e por causa do engajamento que iriam ganhar. A gente achou importante esse projeto, para que as pessoas soubessem do assunto todos os dias.” conta Hevelin.

Na EE Professora Leila Mara Avelino, onde as estudantes cursam o 7º ano, o estímulo para a criação de projetos protagonizados pelos alunos faz parte da prática pedagógica da escola e por isso as meninas se sentiram à vontade para expor suas ideias e propor soluções para a temática que queriam trabalhar.  

A ação educacional com participação de estudantes é uma das metas do Plano Nacional de Educação. No documento está proposto garantir uma gestão democrática do ensino no Brasil, com a “participação ativa dos(as) estudantes e demais integrantes da comunidade escolar na construção de projetos político-pedagógicos […]”. 

As alunas apresentaram a ideia do projeto Animais Gritam por Socorro, premiado na 7° edição do Desafio Criativos da Escola, para a professora e orientadora Ana Paula da Costa e assim nasceu a iniciativa. “Eu não conhecia nada sobre o tema abordado. Mas, sou uma educadora que acredita nos meus alunos, sempre estou presente e oriento no que  posso” disse ela. 

Selfie de três meninas, duas brancas e uma negra, usando mascará
(Larissa Dominique, Hevelin dos Santos, Joice Polotto respectivamente)
O que as pessoas sabem sobre os testes em animais? 

Com o objetivo de entender o quanto as pessoas conheciam sobre testes em animais, o grupo realizou uma pesquisa de campo. O formulário feito pelas estudantes obteve 403 respostas e apontou que a maioria das pessoas já tinha ouvido falar do assunto, mas não conhecia os selos de identificação de produtos sem crueldade.

“Ficamos em dúvida, como eles sabiam sobre os testes, mas não sabiam sobre os selos? Então, começamos a discutir isso no nosso projeto, para tentar tirar essas dúvidas” explica Larissa Dominique. Apesar de ser  conhecimento geral, era preciso informar ainda mais e estimular uma mudança de hábitos para frear o consumo de produtos testados em animais.

Para isso, as meninas criaram um perfil no instagram em que produzem e publicam conteúdos sobre os testes em animais, os selos de identificação como o Cruelty Free (em português, livre de crueldade) e Leaping Bunny (em português, coelho saltitante) e os métodos alternativos para experimentação dos produtos. A ideia é  impactar não só a escola, mas expandir e alcançar outros públicos. 

Além de atuar na mídia social, o grupo também criou um clube para o projeto na escola. Nele, elas dão aulas para colegas  do 6° ao 9° anos. Com  cerca de 90 minutos, as oficinas também abordam  a temática dos testes em animais, quais tipos são realizados e quais caminhos para acabar com a crueldade. Para cativar os estudantes, as meninas já realizaram atividades como uma caça aos ovos de páscoa, só que com produtos livres de crueldade, que os membros do clube trouxeram de casa.

Para quem quiser começar a apoiar a causa, o grupo aconselha o consumo consciente de produtos livres de crueldade. “O selo é um meio de a pessoa estar contribuindo para o término da prática de usar animais como cobaia” A estudante Hevelin também alerta que algumas marcas apenas aplicam o selo, sem que tenham de fato certificação e que nem todos os produtos veganos são livres de crueldade, é necessário estar atento e pesquisar sobre as empresas. 

Se a gente organizar direitinho, todo mundo cuida dos animais!

Depois de um ano de projeto, as integrantes refizeram o questionário e os resultados foram animadores. As pessoas demonstram estar mais informadas sobre o tema.

E o impacto não para por aí. No perfil do Instagram, a iniciativa já alcançou países como Portugal e Espanha e tem tido uma boa receptividade.

Já tivemos um vídeo com bastante curtidas e ficamos felizes com os comentários. Muitos deles disseram que não sabiam sobre os testes de animais e que, depois que ficaram sabendo disso e dos selos, mudaram de comportamento.

conta Larissa.

Fora da internet, as meninas já apresentaram a iniciativa na Câmara Municipal de Sumaré, onde receberam uma Moção de Congratulação em homenagem ao trabalho do grupo. E, agora, estão aplicando o projeto para participar da Feira Brasileira de Iniciação Científica (FEBIC). Caso passem da segunda fase de avaliação, elas irão ao sul do Brasil para mostrar o Animais Gritam por Socorro para estudantes e professores de escolas públicas e privadas de todo o país. 

As aulas ministradas por Hevelin, Joice e Larissa também têm dado frutos. “Por essa ação, a gente já recebeu diversos comentários positivos dos próprios alunos do nosso clube. Teve uma aluna que falou que mostrou nosso projeto para a mãe  e o que  aprendeu com nosso clube. Agora, toda vez que a mãe dela vai ao mercado, olha se o produto tem selo de certificação.” disse Hevelin feliz com a mudança que já provocaram.

Dos aprendizados aos sonhos, a luta continua 

Faz parte da rotina do grupo realizar pesquisas diárias e se manter informado, fazer relatórios e apresentações. Apesar do dia a dia corrido, as adolescentes tentam se organizar sempre juntas e apoiar umas às outras. A experiência de trabalhar com o projeto exigiu que elas se desafiassem e deixassem a timidez de lado, o que permitiu terem muitos aprendizados.

A gente tem apenas 12 anos! Isso que a gente tá fazendo é tanto um benefício pros animais, quanto para nós mesmos. O projeto contribui tanto pro aprendizado da nossa mente, estimula a nossa curiosidade e vontade de aprender cada vez mais. Sempre querendo saber o que, o porquê ou onde. O que fazemos é muito importante, desde o agora até o futuro!

expressa Hevelin

E falando de futuro, os planos são muitos.  Desde expandir cada vez mais a iniciativa, fazer parcerias com ONG’s que defendem a causa animal e até visitar laboratórios que usam métodos alternativos de testes livres de crueldade animal. “A gente queria muito visitar outros países e falar sobre o assunto. A gente quer sair nos jornais e alcançar mais pessoas.” diz Larissa sobre os sonhos que têm.

Pelo fim da crueldade com os animais, as meninas seguem conscientizando pessoas e provocando mudanças de comportamento por meio da divulgação de informação qualificada e da ciência.

Redação: Nayra Teles
Edição: Helisa Ignácio

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