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Um grupo de estudantes está estimulando o gosto pela leitura no RS

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Porto Alegre - RS

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ODS

07/02/2020 - Por Criativos

Iniciativa inspira crianças e jovens a criar hábitos de leitura além de democratizar o acesso aos livros

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), das 180 mil escolas brasileiras, 55% não possuem biblioteca ou sala de leitura. Nas escolas que comportam essa estrutura, existe ainda o desafio de estimular o hábito de ler entre os jovens. Na Escola Municipal de Saint-Hilaire, em Porto Alegre,  (RS), isso não era diferente.

A biblioteca Sérgio Caparelli, apelidada pelos estudantes como “Super Assombrada”, estava sempre cheia de livros estragados e vazia de leitores interessados. Até que alguns estudantes fizeram o exercício de fechar os olhos e imaginar quão triste seria um mundo daquele jeito: cheio de livros que ninguém tinha acesso. Unidos pelo desejo de mudar essa realidade, criaram o Grupo de Mediadores de Leitura (GML) Luísa Marques, um dos finalistas da 5ª edição do Desafio Criativos da Escola.

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O grupo realizou pesquisas para entender por que o ambiente estava tão subutilizado e como poderiam reverter a situação. Constataram que o sentimento de não pertencimento era o principal fator de afastamento dos colegas.

“Antes do projeto, não só pra mim, mas pra muitos alunos, [a biblioteca] não era um lugar muito acessado porque era um lugar onde tu não podia falar, não podia nem se mexer praticamente. A gente ia mais por obrigação em horário de aula”, conta Vitória Padilha, hoje aluna do 9º ano do Ensino Fundamental, e uma das criadoras da iniciativa na escola.

A solução para a reorganização do local veio dos próprios livros. Os estudantes encontraram exemplos de iniciativas bem-sucedidas de transformação de salas de leitura em outras escolas e, cheios de ideias, colocaram a mão na massa: arrumaram os livros, coloriram as paredes e reorganizaram a sala, deixando o ambiente mais convidativo e aconchegante.

Estudantes transformam biblioteca no coração da comunidade. / Divulgação

Estudantes transformam biblioteca no coração da comunidade. / Divulgação

Também fundaram um clube de leitura onde crianças e jovens se juntam para discutir suas obras preferidas, atraindo novos integrantes ao GML Luísa Marques semanalmente. “Agora, a biblioteca é o coração da escola”, é o que diz Luís Rosa, aluno do 9º ano e um dos primeiros integrantes do coletivo. Para expandir o acesso, o grupo organizou saraus e semanas literárias, performances, shows de talentos, contação de histórias para crianças e até um festival de rock.

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Todos os eventos foram abertos à participação da comunidade local.“Nos encontros, os mediadores e mediadoras estudavam e planejavam propostas que colocassem a biblioteca em movimento com a literatura”, explica Maria Pires, bibliotecária e orientadora do projeto. “O grupo levou música, dança, teatro, brincadeiras, mídias e outras formas de contar narrativas para dentro da biblioteca, para as salas de aula e para a comunidade, relembra.

Mochiloteca: expandindo o acesso à literatura com uma biblioteca nas costas / Divulgação

Mochiloteca: expandindo o acesso à literatura com uma biblioteca nas costas / Divulgação

Além dos eventos, o projeto organizou atividades regulares para levar o gosto pela leitura para além dos limites das paredes da escola e criaram a “Mochiloteca”, um projeto no qual os alunos circulam pela comunidade com alguns livros perguntando quem quer registrar um livro ou ouvir uma poesia. “Todo mundo do grupo pega uma mochila e cada uma tem um tipo de livro pra ler. Um tem romance, outro tem suspense. A gente sai batendo de porta em porta na comunidade perguntando quem quer registrar um livro ou escutar uma poesia”, explica Vitória.

Para impactar um número ainda maior de pessoas, os alunos colam poesias em árvores de praças de Porto Alegre, como parte da ação batizada de “Semeando Poesias”.

De acordo com a orientadora da iniciativa, os frutos já estão sendo colhidos em todos os públicos e faixas etárias “As pessoas da comunidade escolar passaram a compreender e apreciar as diversas maneiras de ler. Pequenos leitores passaram a ir na biblioteca no recreio. Adolescentes ficaram encantados com livros e histórias que falam da sua cidade. Nos demais espaço da comunidade, adultos estão escutando histórias e lendo livros em casa”, explica Maria.

Semeando poesias: estudantes bordam versos em tecidos para vestir as árvores da cidade com literatura / Divulgação

Semeando poesias: estudantes bordam versos em tecidos para vestir as árvores da cidade com literatura / Divulgação

O GML Luísa Marques também desenvolveu algumas parcerias para aumentar o impacto do projeto. Um exemplo é o “Adote um Escritor”, ação que convida escritores da região a dividirem seus trabalhos com a comunidade no espaço de leitura. Além disso, o grupo leva livros e conta histórias em escolas da região que ainda não possuem biblioteca.

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À Luísa Marques

Além de conquistar novos leitores com a iniciativa, as crianças homenageiam a memória da colega Luísa Marques – que deu origem ao nome do coletivo e foi precursora na condução de um projeto de incentivo à leitura na escola. Luísa deixou no coração de cada medidor(a) a vontade de mudança e a missão de transformar a vida das pessoas a partir da leitura.
E foi o que aconteceu. Muitas crianças e jovens antes retraídos começaram a exteriorizar suas ideias com segurança durante as atividades do grupo. Um exemplo disso é o que aconteceu com Luís, declamador de poesias oficial do projeto. “Agora estou muito mais vivo do que antes; eu aprendo inglês, faço novos amigos e to começando a me socializar mais com meus amigos e pessoas ao meu redor. Os livros me mudaram assim como a Luísa me mudou. Ela me inspirou a seguir meus sonhos.”

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Futuro do projeto

Para 2020, os alunos pretendem realizar um seminário estudantil para falar de gênero na escola e organizar a feira literária da comunidade, além de uma oficina de escrita criativa. O grupo também dará continuidade às ações, levando a mochiloteca para mais locais na comunidade, escolas vizinhas e asilos.

Os mediadores mais velhos já se preparam para garantir a continuidade do projeto para as próximas gerações de Mediadores de Leitura, como explicou Vitória “Vamos nos formar e sair da escola e a gente quer que o projeto continue com pessoas novas. Já estamos ensinando as criancinhas do projeto, os pequenos que gostam realmente de ler com nosso grupo de leitura. Eles são o futuro do GML Luísa Marques”.

Redação: Andréa Xavier
Edição: Jéssica Moreira
Imagens: Divulgação

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