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Meninas fazem projeto de educação sexual para dialogar com todas idades

Temas

  • ambiente escolar
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  • educação
  • gênero e sexualidade
  • saúde mental
Foto de quatro meninas: uma negra e três brancas. Elas vestem máscara roxa e uma camiseta roxa com os dizeres: Lute como uma guria. Todas seguram papéis roxos com o desenho de uma chama violeta

Porto Alegre - RS

Ano de Inscrição: 2020

status Premiado

ODS

30/09/2021 - Por Helisa Ignácio

Chama Violeta nasce de um grupo de meninas que queriam sensibilizar escola e comunidade de Porto Alegre sobre os casos de violência sexual. 

Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint-Hillaire, em Porto Alegre, o o Grupo de Mediadores de Leitura Luísa Marques funciona como um espaço de encontro entre gerações de estudantes. As rodas de leitura, abertas a todo mundo, não são apenas um espaço para discutir literatura em si, mas também para acolhimento, em que os presentes podem falar sobre assuntos da escola e de fora dela.

Foi nesse espaço, então, que, um dia, iniciou-se uma conversa sobre o boato que estava assustando as estudantes. Vitória de Oliveira Padilha, de 16 anos, relembra: “Tinha um boato de um carro preto que sequestrava meninas no caminho da escola. Isso assustou muito as adolescentes, principalmente as que iam sozinhas ou a pé. Tentamos até tentar combinar ir para escola em grupo.”

Nascia o projeto Chama Violeta, uma iniciativa de educação sexual que visa proteger e empoderar mulheres, crianças e adolescentes do território. A iniciativa foi uma das 50 premiadas na última edição do Desafio Criativos da Escola.

Protagonismo gera movimento na escola

A partir dessa história e de outros relatos, Vitória e outras alunas que participavam do grupo resolveram pesquisar sobre violência sexual tanto na escola quanto no bairro de Lomba do Pinheiro. Por fim, não só descobriram que o território era um dos com maiores números de violência sexual da cidade, como também que este era uma região que carecia de conscientização sobre educação sexual. 

“O projeto surgiu da própria iniciativa das estudantes. Lembro da Vitória convidando as estudantes para conversar sobre como se proteger de possíveis abusos, e isso foi gerando todo um movimento dentro da escola”, explica Maria Gabriela Pires, professora orientadora e também uma das mediadoras do grupo de leitura. 

Foto de três meninas vestindo camisetas roxas com os dizeres: Lute Como uma Guria. Elas conversam com uma mulher. Todas usam máscara de proteção e seguram fitas roxas e um folheto.
Estudantes do Chama Violeta realizam ações sobre educação sexual – Foto: Divulgação
Barulho pela proteção de todas

O Chama Violeta teve início quando as aulas ainda eram presenciais. As estudantes fizeram a pesquisa sobre o tema e também construíram um material para apresentá-lo. Com a pandemia, elas tiveram que fazer uma adaptação, transformando seus conteúdos em materiais de vídeo e apresentações online. 

Vitória, uma das adolescentes engajadas no projeto, começou a idealizar a iniciativa junto com as colegas e elas tinham uma ideia nítida do que queriam:

A nossa ideia era proteção, oferecer alguma forma simples e objetiva. Então, queríamos uma estratégia de proteção simples, e que pudesse ser usada por diferentes idades.

relata a estudante Vitória de Oliveira

Surgiu então a ideia do apito. O objeto barato e intuitivo foi distribuído entre as jovens, com orientações para que elas pudessem usá-los se elas se sentissem de alguma forma intimidadas ou vítimas de assédio. A entrega do objeto foi bem amparada com conteúdos didáticos sobre educação sexual feitos para diferentes idades e apropriado para cada uma delas. 

Uma das estudantes que ajudou a produzir esse conteúdo foi Mahara Silva, de 16 anos: “A professora me chamou para fazer vídeos de Bitmoji, e achei a ideia bem legal. Fizemos vários vídeos para o Youtube, todos construídos coletivamente com o grupo.”

Entendendo que o projeto precisava dialogar com diferentes faixas etárias, os vídeos são uma forma didática de abordar temas sensíveis com estudantes mais novas. “Nestes vídeos, explicamos de forma lúdica para as crianças o que era abuso, quando ele acontecia, qual era o perfil do agressor e da vítima. Tem um bem legal, com semáforo que sinaliza com as cores das partes do corpo onde pode acontecer o toque e onde não pode”, detalha Vitória. 

Educação sexual como um direito de todas

Embora a educação sexual seja um assunto apontado em documentos basilares da educação brasileira, como a própria Base Nacional Curricular Comum, a temática ainda não está presente na maioria dos espaços escolares do Brasil. 

É por isso que projetos como Chama Violeta são tão importantes. É o que reforça Maria:

Na nossa formação como professores, não temos formação sobre educação sexual. Ainda é um tabu. Para você ter uma ideia, quando as jovens fizeram a pesquisa se os professores da nossa escola trabalhavam educação sexual, todos responderam que não.

explica a educadora.

E espraiar o projeto para fora dos muros da escola também foi um jeito de diminuir a sensação de isolamento. O projeto fez parcerias com o Conselho Tutelar do bairro e, recentemente, a Secretaria Municipal de Educação propôs estudar tornar o projeto permanente e disponível para outras escolas da rede. 

“Ficamos felizes porque é uma parceria com uma instituição pública que reconhece que precisa ter dentro da rede e do currículo essa pauta tão importante. Isso para nós foi um grande impulsionamento, porque muitas vezes sentimos que estamos sozinhos, então agora sentimos estar indo na direção certa”, conclui a educadora. 

Foto de três meninas que vestem camisetas roxas e distribuem fitas roxas e folhetos sobre educação sexual.
Alunas do Chama Violeta distribuem fitas e folhetos sobre educação sexual – Foto: Divulgação

Redação: Cecília Garcia
Edição: Helisa Ignácio

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