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Trocar ideia é transformador

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  • educação

Jaguaribe - CE

Ano de Inscrição: 2017

ODS

20/12/2018 - Por Criativos

Estudantes do ensino médio de Jaguaribe (CE) promovem debates sobre temas atuais  como forma de romper a timidez e exercitar o respeito.

Qual sua opinião sobre os temas que estão bombando nesta semana?  Essa pergunta influenciou estudantes da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Cornélio Diógenes, localizada em Jaguaribe (CE), a apostar na troca de ideias como método de formação. A partir daí, organizaram  um ciclo semanal para debater os temas mais controversos do momento. Surgia, assim, o “#VamosDiscutir”.

“Com o projeto, os alunos começaram a visitar mais a biblioteca e o laboratório de informática, a ler livros, textos e a procurar informações sobre cada tema discutido. Houve uma mudança significativa na nossa escola porque, antes, os alunos não tinham coragem de falar em público, nem mesmo na sala de aula – às vezes, nem com os outros colegas”, relembra a educanda do 3º ano do ensino médio, Ana Raquel da Silva.

“Em nossa escola, há pessoas de religiões diferentes, de raças diferentes, com visão política diferente”, conta Wesley Saldanha, que também cursa o 3º ano do ensino médio. “O que fizemos foi criar um canal para os alunos debaterem essas ideias e visões. Se eu tenho uma opinião e você outra, por exemplo, ao debatermos vamos racionalizar mais sobre o tema e sobre o que deve ser feito”, analisa ele.

O projeto surgiu quando um grupo de estudantes diagnosticou que diversos colegas da escola tinham dificuldades para se expressarem em público e, também, necessitavam exercer o debate como ferramenta de formação. Ao invés de opiniões que incitasse ódio e preconceito, contam Wesley e Ana Raquel, a proposta era treinar argumentos racionais, convincentes e construtivos que pudessem ser utilizados não somente no ambiente escolar, mas também entre familiares e no trabalho.

 

Ideias em disputa

Competições como o “#VamosDiscutir”, em que duas equipes debatem um tema pré-selecionado, são comuns em instituições de ensino estrangeiras, porém ainda raras no Brasil. Para iniciar o projeto, os educandos realizaram um pré-levantamento de assuntos polêmicos debatidos em noticiários e nas redes sociais. Confeccionaram, também, uma urna para que alunas e alunos depositassem sugestões. Surgiram, portanto, temas polêmicos e instigantes como, por exemplo, pena de morte, “cura gay”, amor e sexo e reforma política.

Hoje, os debates são realizados semanalmente, todas às sextas-feiras, no auditório da escola. Com uma semana de antecedência, os educandos votam nos assuntos que mais os instigam e abrem inscrições para o “embate”: duas equipes, formadas por cinco alunos, para defenderem posições antagônicas e cerca de 20 outros estudantes para comporem a plateia, que tem direito a perguntar e contra-argumentar com as equipes.

O sistema funciona em um formato de rodízio: na edição seguinte, educandos que ficaram de fora são priorizados. Materiais selecionados sobre a temática a ser discutida são fornecidos para os inscritos como base inicial para iniciarem uma pesquisa. Quando julgam necessário, convidam especialistas no tema para participarem do debate que é mediado pelos educandos Ana Raquel e Wesley junto com a educadora que orienta o projeto, Ruth da Silva.

“Eles são muito autônomos: vão lá e fazem! Pesquisam na internet e na biblioteca, procuram palestrantes e organizam o debate, que enriquece a criatividade e o diálogo, mas, principalmente, o respeito”, conta Ruth.

A primeira edição do “#VamosDiscutir” tocou em uma polêmica entre os adolescentes: quem ama trai? O auditório estava lotado, o formato dos debates ainda seria maturado e os ânimos suscitados pela discussão estavam à flor da pele.

“Percebemos que, nas primeiras edições, as pessoas não queriam ouvir os argumentos dos outros, somente colocar seus pontos de vista”, relembra Wesley. “Mas explicamos que era necessário escutar para também ser ouvido e, com isso, o projeto ganhou mais força, os alunos, cada vez mais, se interessavam e conseguiam avançar em relação ao respeito às opiniões dos colegas”, considera o jovem.

“É, muitas vezes o debate ficou mais intenso”, conta Raquel. “Mas todos perceberam que é importante dar suas opiniões e, também, ouvir as do próximo, sem egoísmo, se colocar, de fato, na pele do outro. Nós mexemos com toda a escola”, analisa ela.

 

Sem vergonha

O projeto, conta Ruth, não precisou de investimentos financeiros por parte da escola: só necessitou de caixa de som, microfones e espaço, problemas que foram solucionados facilmente com a utilização do auditório.

“De início, [a iniciativa] foi muito tímida: cerca de 20 alunos. Depois, foi crescendo até, certo dia, o auditório estar lotado e necessitarmos abrir inscrições antecipadas”, relata ela.

Além disso, os educandos avaliam que um dos principais desafios foi encontrar meios de incentivar colegas mais tímidos a participarem do “#VamosDiscutir”. “No início, alguns tinham vergonha, mas, no decorrer do projeto, essa timidez foi desaparecendo. Incentivamos eles a perderem o medo de se expressar em público e a expor suas opiniões”, lembra Ana Raquel.  

Wesley ressalta que o plano é dar continuidade ao projeto e criar mecanismo para que ele perdure na escola com outros educandos, já que neste ano, tanto ele quanto Ana Raquel, concluem o ensino médio. “Essa experiência deve continuar, afinal, ajudou os alunos a aprenderem a lidar e respeitar opiniões diferentes da nossa, a controlarem a timidez, a tomarem o gosto pela pesquisa e a serem mais críticos”, completa ele.

Redação: Rôney Rodrigues
Edição: Juliana Gonçalves
Imagens: Divulgação

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