Criativos da Escola | Menina Jinga
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Menina Jinga

Temas

  • inclusão
  • arte e cultura
  • relações étnico-raciais

Santo André - PB

Ano de Inscrição: 2016

status Finalista

ODS

29/06/2017 - Por Criativos

Estudantes de Santo André (SP) criam peça teatral para incentivar a reflexão sobre preconceitos.

Anna Jinga mora na periferia e faz amizades com quatro jovens que buscam ajudá-la a proteger a casa de cultura Reino Matamba, local onde vivem crianças e pode ser derrubado a qualquer momento. Este é o enredo da peça “Menina Jinga”, elaborada de forma colaborativa pelos alunos do 2º, 7º, e 8º ano do Ensino Fundamental e educadores do Colégio Central Casa Branca, de Santo André (SP). Segundo a estudante e atriz protagonista Gabrielle Souza, o objetivo da obra é desconstruir preconceitos vividos pelos adolescentes por meio da arte.“A peça trata de racismo, bullying, auto estima e muitas outras questões”, contou.  menina jinga5

A obra esteve em cartaz no teatro da escola entre setembro e novembro de 2016. “Depois do espetáculo sempre fazíamos um bate papo com a plateia, todos foram muito transformadores por trazer diversas reflexões, tivemos até uma palestra sobre o movimento negro”, relata o professor e coordenador do projeto Varlei Xavier. Durante toda a temporada, a peça ficou aberta para os alunos e para a comunidade.

Para viabilizar o projeto, o grupo também elaborou uma campanha de financiamento coletivo. Além da peça teatral, os alunos conseguiram lançar o livro “Confissões de Jinga”, escrito pela estudante Gabrielle sobre a criação de sua personagem.
Arte contra o racismo
A temática do espetáculo foi escolhida após a aluna Gabrielle, que é negra, relatar em um intercâmbio cultural entre turmas de teatro os racismos sofridos durante sua vida. “Eu comentei com algumas pessoas sobre as brincadeiras racistas que eu tinha vivenciado, então o grupo resolveu falar disso na peça que íamos produzir”, relatou.

Durante a criação do espetáculo, a turma formada por 11 alunos com idades entre 11 e 18 anos, participou de diversas oficinas criativas, elaboração de personagens, de textos e de muita pesquisa sobre a cultura afro brasileira. “O nosso primeiro desafio foi entender o assunto, muitos tinham ideias estereotipadas, então tivemos que conversar muito para nos livrarmos de preconceitos”, relata Varlei.

menina jinga1Ainda segundo o professor, além do elenco de atrizes e atores o grupo contou com a ajuda de ex-alunos que permanecem no teatro da escola. A função principal desta equipe foi dar suporte ao elenco. “Alguns acompanham as aulas, atuando como mentores, outros integrantes fazem parte da banda, outros são responsáveis pela criação do cenário, figurino, material gráfico, recepção e bilheteria”, explica.

Todo o trabalho realizado pelos estudantes impactou o público de fora e trouxe uma nova perspectiva para outros estudantes que passavam pelos mesmos dilemas enfrentados pelos personagens da peça. “Percebemos que as meninas e os meninos negros da escola, que ainda são poucos, se sentiram muito mais representados”, conta Varlei.

“Depois da peça eu assumi minha identidade negra e abandonei a escova progressiva, deixei o cabelo alisado de lado e estou voltando com os cachos aos poucos”, relata a estudante e atriz Amanda Ribeiro.

 

Construção coletiva
O financiamento para a peça ocorreu por meio de uma campanha virtual elaborada e divulgada pelos próprios alunos. “A arrecadação foi muito provocadora para o grupo, um desafio, mas conseguimos a verba para o cenário, figurino e para os livros também”. E complementa: “vendemos os livros em todos os dias que ocorreram os espetáculos”, explica Gabrielle. menina jinga4

O grupo levou sete meses para criar a história, os personagens e para montar a estrutura física da peça “Menina Jinga”. O espetáculo permaneceu por três meses em cartaz, todos os finais de semana na escola. Apesar de considerar a pré produção uma fase muito marcante, Amanda revela que gostou muito de atuar. “Sentia sensações únicas quando falava meu texto e olhava no olho de cada pessoa da plateia”, relembra.

Mesmo com a temporada da peça já encerrada, a turma se mantém firme na elaboração de novas obras que contam com a participação e diálogo com o público. “O grupo sempre trata de situações que estamos passando, não nos importamos se o tema é ou não um tabu”, conclui Gabrielle.

 

Redação: Vanessa Ribeiro
Edição: Laura Leal
Imagens: Divulgação/ The King Sarara Fotografia

 

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