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Lugar de mulher é onde ela quiser

Temas

  • cidadania e direitos humanos
  • gênero e sexualidade
  • inclusão

Rio de Janeiro RJ - RJ

Ano de Inscrição: 2017

status Finalista

ODS

12/02/2019 - Por Helisa Ignácio

Estudantes do Rio de Janeiro (RJ) utilizam a arte para educar a comunidade escolar sobre os direitos das mulheres

Existe “brincadeira de menino” e “brincadeira de menina”? A escola deve promover discussões sobre assédio e violência doméstica? Professores devem advertir educandos sobre comentários sexistas? A simples menção da palavra “gênero”, nos últimos anos, provoca polêmica em muitas escolas. Porém, estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Mozart Lago, localizada na zona norte do Rio de Janeiro, decidiram tomar posição: a escola é, sim, um espaço para educar sobre a violência de gênero! Surgia, assim, o projeto “Lugar de mulher é onde ela quiser”, finalista do Criativos da Escola de 2017, que utiliza a arte para debater e educar a comunidade escolar sobre os direitos das mulheres.

“Quando eu quis participar do projeto, eu não tinha tanto conhecimento sobre questões feministas. Descobri a importância desse debate, principalmente nas escolas”, afirma Jennifer Victória Ara, aluna do 1º ano do Ensino Médio.

“Antes, ninguém tinha muita consciência do que era feminismo e o projeto ajudou nisso. Eu, por exemplo, tinha só uma ideia, de influências pop e de casa, mas não conseguia dividir aquilo que sentia sobre meus direitos com a minha sala. A aprendizagem que tive com esse projeto foi uma das minhas maiores conquistas na escola”, rememora Kamilla Victória Rabe, que também cursa o 1º ano do Ensino Médio.

A educadora de Artes Visuais Geane Senra de Oliveira afirma que, com os trabalhos desenvolvidos pelo “Lugar de mulher é onde ela quiser”, houve uma considerável mudança entre os educandos. “Percebemos que diminuiu o assédio e dentro de sala de aula, há mais respeito”, conta ela.

Contra o assédio nas escolas

Quando Geane começou a dar aulas na Mozart Lago notou que o assédio às alunas – e, até mesmo, às professoras – era uma prática naturalizada dentro do ambiente escolar. “Passei a interferir conversando com os alunos sobre assédio e, ao abordarmos o tema, as meninas se sentiram protegidas para falar abertamente. No início, eu e as alunas nos unimos muito por conta disso”, relembra ela.

Vários alunos tiram foto em frente a um painel no páteo da escola
Estudantes comemoram sucesso do projeto

Geane preparou, então, uma aula especial para comemorar o Dia Internacional da Mulher de 2017, utilizando exemplos de mulheres feministas da música pop admiradas pelos educandos como, por exemplo Beyonce, Karol Conka, MC Carol e MC Soffia. A ideia era debater desigualdade e violência de gênero, assédio, machismo e empoderamento feminino com referências do cotidiano das educandas e educandos. A aula foi um sucesso e eles decidiram que aquela discussão não poderia acabar.

“Pensamos em criar um espaço para que todos da escola – não só alunos, também os professores e funcionários – contribuíssem com o debate e dividissem suas experiências, principalmente as mulheres. Esse espaço era para falarmos sobre o que acontece no dia a dia das mulheres que muita gente nem tem noção”, conta Kamila.

A iniciativa foi batizada de “Lugar de mulher é onde ela quiser” e trouxe mais aulas sobre mulheres na arte e na política, incentivando a produção de conteúdo entre os educandos, principalmente relacionados às artes visuais. Uma das primeiras atividades foi a confecção de cartazes contendo frases de apoio aos direitos das mulheres. Com isso, muitas outras educandas sentiram abertura e confiança para compartilharem experiências e inquietudes.

As educandas também criaram um canal de vídeos no Youtube com depoimentos e documentando atividades do grupo. Alguns viralizaram como um funk feminista composto pelo educando Allan Fernando, conhecido como MC 2L, que chegou a mais de meio milhão de acessos.

“Pode parecer algo fútil, mas o fato desse vídeo ter viralizado – ver a escola e o bairro inteiro assistindo – abriu muitas portas para que o projeto fosse mais ouvido e para nos incentivar a fazer várias outras ações”, confidencia Kamila.

Abrir os olhos das escolas

O projeto enfrentou algumas dificuldades no início, relata Geane, como a falta de tempo para educadores e educandos desenvolverem as atividades.

“Aos poucos, conquistamos mais tempo para trabalharmos, com a direção cedendo algumas aulas para desenvolvermos o ‘Lugar de mulher’. Sem esse apoio, seria muito difícil continuar o projeto”, analisa ela. “Mas essas dificuldades nos incentivaram, a gente [professores] chega cheio de vontade de fazer acontecer, mesmo sem recursos e apoio. E é mostrando do que somos capazes de fazer que conquistamos as coisas”.

Além disso, relembra a educanda Jennifer, havia certa dificuldade da comunidade escolar em entender a importância do projeto, porém, a medida que os debates e as ações avançavam, outras pessoas se integravam à iniciativa e percebiam a relevância de promover na escola o debate sobre gênero. “Incentivamos muitas meninas e, também, muitos meninos na escola”, conta Jennifer. “Mesmo entre os mais novos sentimos que mentes foram abertas para ouvir e respeitar as mulheres”.

E você, conhece algum projeto que trabalha os direitos das mulheres?

Redação: Rôney Rodrigues
Edição: Juliana Gonçalves
Imagens: Divulgação

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