Alunas mobilizam cidade, promovem limpeza de rio e cobram ações da Prefeitura de Prado (BA)
Com o intuito de despoluir o Rio da Barrinha, localizado em Prado (BA), um grupo de alunas do 1º ano do ensino médio da Escola Municipal Algeziro Moura, tem mobilizado toda a cidade para promover a limpeza e a revitalização do local.
Ativo desde o início de 2016, o projeto “Somos todos Barrinha” promove a cada dois meses um mutirão de limpeza das duas nascentes do rio, além de cobrar a Prefeitura por meio, por exemplo, da organização de um abaixo assinado com mais de 500 apoiadores encaminhado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Além das estudantes Flávia Silva, Mábia Pereira e Nina Soares, que são responsáveis pela frente de comunicação e mobilização, o projeto envolve também alunos de outras escolas e integrantes de grupos culturais locais, da associação de pescadores e proprietários de terras na região.
Moradores participando do Cine barrinha
Para além da limpeza da água, as estudantes têm provocado reflexões socioambientais e culturais no município por meio do “Cine Barrinha”: sessões de cinema mensais, abertas e gratuitas à população, realizadas em espaços públicos próximos ao rio. Para ampliar ainda mais o grupo envolvido na iniciativa, Flávia, Mábia e Nina promovem rodas de conversa em outras três escolas da cidade.
“Estamos adquirindo e trocando conhecimento em prol do Rio e para mim isso é uma das coisas mais valiosas do nosso projeto”, opina a estudante Flávia. Já para a aluna Nina, além dos impactos positivos na preservação do rio e na conscientização da comunidade, a iniciativa tem feito com que as pessoas enxerguem as jovens também como cidadãs atuantes: “agora tenho uma nova visão e muito mais consciência de minhas atitudes com relação ao meio ambiente”.
Salvando o Rio Barrinha
Apesar de a luta pela preservação do Rio da Barrinha já acontecer há muitos anos, segundo as estudantes, a mobilização começou a ganhar força depois de um passeio entre colegas da escola em março do ano passado. Na ocasião, relembra Nina, o grupo de estudantes se impressionou com a grande quantidade de lixo e com o mau cheiro presente no rio: “a situação gerou em todos nós o interesse em ajudar a conscientizar as pessoas. Afinal, o Barrinha faz parte da história de muitos moradores e já chegou a ser um dos cartões postais de nossa cidade”.
Plantação de bananeiras no entorno do rio
Após organizarem o abaixo assinado na comunidade, as estudantes foram convidadas para uma conversa na Secretaria de Meio Ambiente. “Conseguimos uma verba para fazer o reflorestamento e cercar as nascentes do rio. Foram poucas coisas, mas fizeram com que a gente conseguisse avançar com os nossos objetivos”, explica Nina.
Para dar continuidade ao projeto, o grupo passou a pesquisar alternativas que fossem simples, baratas e que ajudassem a acabar com a poluição do rio. Com o apoio da professora de química, Juliana Prataviera, e do professor de filosofia, Edson Silva, as alunas descobriram uma técnica de filtragem de poluentes por meio da plantação de bananeiras às margens do Barrinha. “Temos feito muito na comunidade e não queremos nada em troca. Estamos fazendo pelo bem da natureza”, destaca a aluna Flávia.
O trabalho continua
Segundo a professora Juliana, um dos grandes problemas da região é a falta de estrutura para reformar casas que ficam às margens do rio. “A gente vê até cano de vaso sanitário com saída para o Barrinha, mas não conseguimos uma solução porque temos pouco espaço para construir uma fossa coletiva”, relata. E completa: “tem pessoas que apoiam as recomendações do projeto, mas há também outras com menos recursos e que não concordam porque teriam que mexer em suas casas. E isso geraria um custo muito alto”.
Cercando a principal nascente do rio
Para contribuir com a mudança desta realidade, as alunas e os demais envolvidos pretendem intensificar o diálogo com os moradores do entorno do rio. “Vamos estruturar mais a nossa comunicação e fazer boletins informativos por meio de fanzines com dicas de preservação ambiental”, conta a professora Juliana.
Quanto aos problemas estruturais que dificultam a limpeza e preservação do Barrinha, o grupo continua em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e também com a comunidade buscando soluções efetivas à poluição do rio. “Pretendemos continuar com o projeto e chegar ao nossos objetivos que é salvar o rio e conscientizar as pessoas sobre seu valor”, conclui a estudante Nina.
Redação: Vanessa Ribeiro
Edição: Gabriel Maia Salgado
Imagens: Divulgação
