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Junto com catadores, estudantes organizam coleta seletiva no CE

Temas

  • cidadania e direitos humanos
  • educação
  • meio ambiente e sustentabilidade
  • mobilização comunitária
Foto de adultos e crianças usando mascaras e camisetas verdes em uma rua ensolarada.

Juazeiro do Norte - CE

Ano de Inscrição: 2020

status Premiado

ODS

08/10/2021 - Por Helisa Ignácio

Jovens ouvem catadores e tornam coleta seletiva responsabilidade coletiva, com separação do lixo e cronograma para coleta em rua de Juazeiro do Norte.

Quase 90% do lixo reciclado, no Brasil, é fruto do trabalho de catadoras e catadores. Grandes responsáveis pela salubridade de espaços urbanos e do meio ambiente, os mais de 600 mil trabalhadores – números do Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis – são pouco reconhecidos e, geralmente, mal remunerados. 

São algumas dessas pessoas que a estudante Victória Mell, de 18 anos, assistia trabalharem na rua da sua casa, na cidade de Juazeiro do Norte (CE). Como a maioria da população, ela não tinha ideia de como os catadores exerciam seu ofício e também não sabia exatamente como era feita a coleta seletiva. 

Mas foi justamente o interesse em se aproximar destes trabalhadores que fez com a jovem entrasse no projeto Reciclando Práticas, um dos ganhadores da 5ª edição do Desafio Criativos da Escola.

A proposta do Reciclando Práticas é trabalhar com pessoas que são consideradas invisíveis pela sociedade. Atuamos não só na rua junto com os catadores, mas também em práticas para levar a questão da coleta seletiva para o ambiente escolar e para nossa comunidade.

explica Victória

Iniciada após um debate dentro da aula de português no Colégio da Polícia Militar Coronel Hervano Macedo Júnior, a iniciativa realiza um trabalho de conscientização ambiental e territorial a partir da realidade de catadores e catadoras. 

Escuta para fazer junto

Por conta da pandemia, o grupo passou a primeira parte do projeto planejando como seria a aproximação entre eles e os catadores de resíduos. Foi só em 2021, que eles tiveram a oportunidade de se aproximar da categoria, tendo como território piloto a rua onde Victória vive. 

Foto de uma adolescente branca segurando um saco de lixo reciclável para que um homem idoso pegue materiais.
O projeto ajudou a organizar a coleta seletiva na rua – Foto: Reprodução

Conheça mais sobre a iniciativa no perfil do Instagram!

Os estudantes imaginavam que as demandas dos catadores tinham a ver com as questões de insalubridade de seu trabalho. Porém, ao realizar um questionário e conversar com eles, perceberam que o desejo dos catadores para o projeto era outro. Quem conta isso é a educadora Veronica Rodrigues, responsável pela orientação da iniciativa. 

“Fizemos uma pesquisa de campo com eles e as respostas foram bem diferentes do que nós imaginávamos. Eles responderam que um grande problema era o preconceito e a falta de informação que as pessoas tinham com relação ao trabalho de reciclagem”.

Dar fim ao preconceito
e começar novos hábitos

O projeto voltou, então, suas ações para a visibilidade do trabalho dos catadores. Os estudantes organizaram um cadastro com os catadores da rua piloto, fazendo um cronograma de coletas.

Na vizinhança, o esforço foi de apresentação do real trabalho dos catadores para os moradores e o ensinamento sobre como fazer a separação correta do lixo e, assim, apoiar a coleta seletiva. 

Antes, os catadores tinham que acordar muito cedo para vir até a minha rua e tinham bastante trabalho para revirar o lixo e encontrar o que precisavam. Por causa do projeto, hoje eles não precisam fazer isso. Está tudo organizado, com um cronograma de coletas certinho. Os próprios moradores já sabem onde e como deixar o material.

relata Victória.

O projeto também forneceu para os catadores materiais como luvas, blusas com mangas para evitar o sol, chapéus e outros utensílios para tornar o trabalho mais seguro. Acidentes com cortes se tornaram raros. 

Depois de meses de ação, os resultados já são evidentes. “Este projeto é tão na prática que já estamos colhendo os resultados. Essa é a opinião do grupo e também dos moradores da rua onde eu moro. Aqui, antes tinha muito problema com plástico e também muito lixo revirado. Hoje, ela está muito mais limpa, e os esgotos não entopem com tanta frequência”, conclui a estudante Victória

Projeto aconteceu em rua piloto em parceria com catadores da região – Foto: Reprodução
Ação coletiva para transformar o território

Por conta da pandemia, o grupo do Reciclando Práticas concordou que as estudantes que não podiam estar na rua fariam parte da logística das ações. “A outra integrante e eu estamos nos bastidores, auxiliando com as redes sociais, estratégias e com a divulgação do projeto”, relata Melissa Karine, de 18 anos, uma das integrantes mais antigas do projeto. 

O projeto começou com apresentações entre a vizinhança e os catadores. E, hoje, já conta com adesivos para identificar as casas e também redes de contato caso precise haver uma coleta específica. Na casa das estudantes e dos moradores da rua, a separação do lixo virou uma prática cotidiana. 

Estudantes fazem arrecadação de alimentos para os catadores – Foto: Reprodução

Na escola, o projeto pretende instalar pontos de coleta de óleo e de pilhas, materiais que precisam ser descartados com cuidado. “Por causa da pandemia, não estávamos conseguindo ir à escola tanto quanto queríamos. Mas, sempre que possível nas reuniões de pais, a gente apresenta os objetivos do projeto, o tema da sensibilidade, para gerar mais engajamento”, explica Marynara Gonçalves, de 17 anos.

A estudante Melissa complementa: “Questões como meio ambiente, sustentabilidade, toda a cadeia de reciclagem e inclusão, são imprescindíveis na nossa sociedade. E principalmente, o olhar mais atento e justo aos catadores de resíduos, significa dar voz a essa parcela da população que desenvolve um importante e belíssimo trabalho na preservação ambiental! “

Para as três estudantes, o que fica dessa experiência prática é a possibilidade real de utilizar os conhecimentos dos jovens para ampliar vozes diversas na causa ambiental.

Redação: Cecília Garcia
Edição: Helisa Ignácio

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