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Bonecas Negras, Cadê?

Temas

  • cidadania e direitos humanos
  • ambiente escolar
  • relações étnico-raciais

Ano de Inscrição: 2017

status Finalista

ODS

22/02/2018 - Por Criativos

Estudantes de Serra Preta (BA) produzem e distribuem bonecas negras, elevando auto-estima de alunas e fomentando o debate sobre racismo na escola.

Buscando aumentar a representatividade negra na escola, bem como combater o racismo na infância, um grupo de estudantes da Escola Municipal Flávio Mercês de Oliveira, de Serra Preta (BA), passou a confeccionar e distribuir bonecas de pano negras entre as crianças do colégio.

estudantes_envolvidos_no_projeto_posam_em_frente_a_bannerComo resultado, o projeto incentivou o debate sobre preconceito racial e ainda possibilitou que meninas negras tivessem brinquedos que as representassem, sendo um dos finalistas da 3ª edição do Desafio Criativos da Escola. “As meninas negras se sentem especiais por terem uma boneca da cor delas e [por isso,] super apoiam o projeto!”, relata uma das alunas que deu início à ação, Raissa de Souza. Por meio da iniciativa, o grupo mostra desde junho de 2017 que a educação pode – e deve –, sim, ser entendida como um caminho possível para transformações na sociedade!

O Brasil já possui leis que apontam a necessidade do ensino da história e da cultura africana e afrobrasileira, como a Lei Federal 10.639. No entanto, não é raro que as referências apresentadas dentro e fora da escola desconsiderem a identidade da maior parte da população do país, apresentando majoritariamente a figura de personalidades brancas.

Em poucos meses, o projeto “Bonecas Negras, Cadê?” cresceu e passou a contar com mais oito estudantes – incluindo um menino – entre o 6º e 9º anos do Ensino Fundamental. Com a ajuda de costureiras do município, o grupo organizou oficinas de confecção que resultaram na produção de 80 bonecas, posteriormente distribuídas também para alunas de outro colégio da cidade.

O padre Gilmar

Tudo começou após um episódio de racismo contra o padre da paróquia da cidade, Gilmar Assis, em junho de 2017. O caso, que teve repercussão nacional, boneca_de_pano_negra_com_vestido_estampadotambém fez com que discussões sobre preconceito racial pipocassem na escola. Tocadas pelo tema, as alunas Raíssa Souza e Mary Oliveira decidiram contribuir mudar essa realidade.

A ação conquistou até mesmo o apoio do padre Gilmar, que é também filósofo e educador. “Ele fez uma visita aqui na escola e viu o nosso trabalho, o que foi bastante importante para que pudéssemos discutir sobre racismo e preconceito. […] Ele é um grande exemplo pra gente!”, conta a aluna Raíssa.

 

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De acordo com a professora que orienta o trabalho, Elaine de Oliveira, o projeto contribui para elevar a auto-estima das meninas negras. “Ainda há pouquíssimas bonecas negras disponíveis no mercado, mas a iniciativa possibilita que elas se vejam ali, vejam a cor da pele igual à delas, o cabelo cacheado. […] Eu percebo que hoje elas [as meninas que receberam as bonecas confeccionadas] se auto afirmam por meio do cabelo”, exemplifica Elaine, comentando que agora é possível ver mais garotas usando seus cabelos naturais e enfeitados com faixas e turbantes.

Planos futuros

O grupo pretende, em 2018, confeccionar mais bonecas, dessa vez realizando oficinas em outras escolas do município. “Eu espero que mais gente tenha interesse em conhecer o projeto e que ele ajude as pessoas de alguma forma no combate ao racismo. Tomara que mais crianças consigam ver o mundo de forma diferente!”, sonha Raissa.

Segundo a estudante, outro plano que deve ganhar concretude este ano é o de produzir super-heróis e bonecos negros, com a intenção de causar o mesmo efeito positivo na auto-estima dos meninos negros do município e ainda trazer à tona a discussão de gênero. “Pensamos em dar bonecos aos garotos também para que a questão de gênero seja debatida e que se entenda que todo mundo pode brincar de tudo, [de bonecas e de super-heróis]”, explica a professora Elaine.

 

 

Redação: Luiza Geiling Cruz
Edição: Gabriel Salgado
Imagens: Divulgação

 

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