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Cidadania também se aprende na escola

Temas

  • meio ambiente e sustentabilidade
  • educação

Piên - PR

Ano de Inscrição: 2017

status Finalista

ODS

01/02/2019 - Por Criativos

Após assassinato de prefeito, educandos de Piên (PR) promoveram ações sobre o exercício da cidadania para transformar escola e comunidade

Os moradores da pequena Piên, cidade paranaense com cerca de 12 mil habitantes, receberam com perplexidade a notícia do assassinato do recém-eleito prefeito Loir Dreveck (PMDB). Era dezembro de 2016 e a tragédia colocou a cidade nos noticiários por meses. Não se falava em outra coisa. Na Escola Rural Santa Isabel não foi diferente, porém as discussões sobre a política local motivaram os educandos a criarem o Projeto “Cidadania – um exercício de valores”, que trabalhou princípios ambientais e sociais entre os educandos e implementou diversas melhorias para a escola e o bairro.

“A morte do nosso prefeito fez com que a gente tentasse entender como era feita a política e, também, refletir que temos que participar mais das mudanças, que somos cidadãos, com direitos e deveres”, conta Jhenifer Woltroba, que hoje cursa o 6º ano do Ensino Fundamental.

“A escola estava com bastante lixo, meio estragada, então resolvemos buscar melhorias. E, depois de muita mobilização, elas vieram, desde a reativação da biblioteca até exigir a construção de um banheiro para a quadra da comunidade”, explica Giovana de Fátima Mielke, aluna do 7º ano do Ensino Fundamental.

A professora Silvia Jaqueline Gonçalves analisa que o projeto despertou o interesse dos educandos em promover, ativamente, mudanças na escola e na comunidade.

“O projeto surgiu com foco na questão ambiental porque nossa escola está localizada em uma área rural, com muitas famílias envolvidas na agricultura. Mas não parou por aí. Eles queriam participar da vida política e trabalhar pelo coletivo”, assegura ela.

Lições de uma tragédia

O projeto “Cidadania – um exercício de valores” iniciou com o incentivo à leitura, promovendo rodas de conversas e sugerindo referências que discutissem a realidade em que os educandos viviam e que pudessem auxiliar em reflexões sobre o exercício da cidadania. Daí surgiram ações como a reativação da biblioteca, a organização e decoração do espaço e campanhas de estímulo à leitura e escrita para envolver educandos, educadores, funcionários e comunidade.

Após essa primeira fase do projeto, os jovens também fundaram um grupo ambiental que promoveu a reativação da composteira e a criação de uma estufa hidropônica na escola e que, hoje, gere a horta da escola e organiza uma campanha de lacres solidários e de reciclagem de latinhas, cujo dinheiro proveniente das vendas é utilizado em viagens culturais.

Os educandos também propuseram que a escola realizasse uma eleição para o grupo ambiental. Abriram inscrição para os interessados concorrerem ao pleito, exigiu-se uma plataforma de trabalho com base em conversas com o “eleitorado” e abriu-se um período para a campanha eleitoral. Depois, com os representantes eleitos, foram marcados encontros mensais para planejamento, ação e execução das ações, buscando parcerias e mantendo o diálogo com a escola e a comunidade.

Políticas participativas 

As atividades do projeto chegaram a transpassar os limites do espaço escolar. Os educandos visitaram a Rádio Comunitária Caiçara para divulgar a temática da cidadania e as ações do grupo ambiental e, também, fizeram solicitações de melhorias no bairro para a prefeitura, conseguindo uma reunião no gabinete do prefeito Levino Turic (vice de Dreveck, que assumiu o cargo após o assassinato).

Outras demandas, como a instalação de bancos e mesas na escola para os educandos aguardarem o ônibus, a ampliação dos canteiros e a construção de laboratório de informática foram discutidas na reunião com o prefeito.

“A prefeitura aprovou todas as solicitações que fizemos e, com isso, nosso grupo ficou conhecido na comunidade. Começamos, então, a sermos procurados quando alguém tinha alguma reclamação ou reivindicação”, afirma, exultante, Silvia. “Foi interessante que os educandos foram aprendendo que algumas das nossas demandas não competem ao município para sua execução, são de âmbito estadual ou federal”.

Diálogo com a comunidade

A professora Silvia avalia que, com o projeto, os educandos aprenderam a entender o funcionamento do poder público e estabelecer diálogo com governantes e comunidade para trocar ideias, cobrar melhorias e serem mais participativos na comunidade.

“Trabalhamos o tema da cidadania para isso: buscar ações, saber que temos direitos e também deveres e que, juntos, temos mais força. As crianças estão, na prática, tendo consciência de cidadania e, como pessoas, compreendendo além do que a sala de aula ensina”, conta a professora.

Jhenifer ressalta que o projeto segue a premissa de sempre: beneficiar o coletivo. “O envolvimento e a participação efetiva de professores, alunos, funcionários e famílias em ações de mobilização impactou muito a realidade daqui. Foi uma mudança nas atitudes pessoais e sociais”, finaliza.

Redação: Rôney Rodrigues

Edição: Juliana Gonçalves

Imagens: Paula Froes/GOVBA (ilustrativa)

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