Criativos da Escola | Adolescentes combatem violência urbana abrindo escola para comunidade
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Adolescentes combatem violência urbana abrindo escola para comunidade

Temas

  • ambiente escolar
  • cidadania e direitos humanos
  • mobilização comunitária

São Luís - MA

Ano de Inscrição: 2019

status Finalista

ODS

07/11/2019 - Por Helisa Ignácio

Estudantes promovem eventos diversos para combater a violência urbana a partir da aproximação entre a comunidade local e o ambiente escolar.

O que fazer para aproximar a comunidade do entorno de uma maneira mais efetiva dentro da escola? Foi procurando respostas para essa pergunta que os estudantes do 1º e 2° ano do ensino médio do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) criaram o projeto Escola pra quê?, um dos finalistas no Desafio Criativos da Escola 2019.

Os estudantes perceberam que os moradores locais pouco sabiam sobre como funcionava o IEMA. Divididos em subprojetos, eles desenvolveram ações no bairro, em São Luís (MA), e no próprio colégio para convidar a comunidade local a usufruir da infraestrutura da escola.

“Essa aproximação da comunidade com a escola é de extrema importância, porque a escola é da comunidade e a comunidade faz parte da escola. Somos um só corpo. Se todos caminharmos de mãos dadas: a escola, os alunos, os pais e os professores, a escola só tende a dar mais certo, dar mais frutos, abrir a cabeça de mais jovens” enfatizou Thalyson Nunes, aluno do 2º ano do Ensino Médio e um dos integrantes do projeto.

Buscando soluções para um problema sério da comunidade

Nas áreas periféricas da cidade de São Luís é comum, infelizmente, que moradores sejam proibidos de transitar em áreas que estejam no território de facções rivais de seu bairro de origem. Um dos estudantes do IEMA, por exemplo, sofreu uma tentativa de assassinato em frente à escola justamente por ser morador de uma área dominada por um desses grupos e ter publicado inocentemente nas redes sociais uma foto que tinha o símbolo do grupo rival, que está presente na região do colégio. Mesmo com a situação esclarecida, membros da facção do local ainda exigiam que o estudante fosse transferido de escola. A direção da escola dialogou com eles, demonstrando a importância de mantê-lo na instituição.

O fato preocupou os alunos, que entenderam que esse problema não poderia mais ocorrer. Foi quando o estudante envolvido e seus colegas iniciaram uma escuta ativa da comunidade para mostrar a importância do instituto para o território e como os vizinhos poderiam também usufruir de atividades que aconteciam na unidade escolar. Conversaram com moradores do bairro, líderes comunitários, familiares dos estudantes e até gestores e estudantes das escolas municipais do bairro.

Estudantes do IEMA em reunião
Estudantes se reúnem para debater ações do projeto.

Depois de reuniões, os estudantes concluíram que a raiz do problema estava no fato de que a comunidade local pouco sabia sobre os estudos e atividades praticadas no IEMA. Começaram, então, a desenvolver ações no colégio com o intuito de aproximar a escola da comunidade. Foram organizados, por exemplo, cursos de robótica, informática, reforço escolar e inglês. Para as famílias que apresentaram maior vulnerabilidade social, os jovens fizeram uma campanha de doação de alimentos.

Veja +: Jovens viram professores de braille para promover inclusão escolar

Outra ação aproximadora foi o convite para os moradores locais participarem dos eventos da escola em datas especiais, como Dia da Família e Feira de Profissões. Para além das dependências do IEMA, o projeto propôs atividades extraclasses e extracurriculares para que os estudantes que não são moradores do bairro pudessem conhecer melhor a região.

Além disso, com o objetivo de convidar os alunos de Ensino Fundamental que moram no bairro a prestar o vestibulinho para ingressar no IEMA, eles desenvolveram um intercâmbio juvenil chamado “AMEI conhecer minha futura escola”, oferecendo oficinas de protagonismo, projeto de vida e técnicas de estudo em quatro escolas de ensino fundamental da cidade.

“Eu mesma vim de escola pública e sei que é muito difícil seguir estudando sem estrutura e sem muito apoio. Fico muito feliz de me envolver nesse projeto porque quero passar minha experiência de estudar numa escola melhor e quero que todas as pessoas que estão na minha antiga escola também possam ter essa oportunidade.” comentou a estudante Vitória Gabriela Santos, aluna do 1º ano de Ensino Médio do IEMA e uma das participantes do AMEI.

Estudantes do IEMA acolhendo novos alunos
Acolhimento de visitantes e novos alunos na escola.
Mudanças dentro e fora da escola

Como resultado, a comunidade passou a estar mais presente na instituição. Um dos exemplos é o crescimento de estudantes do IEMA que moram na região, passando de 25% em 2018 para 75% em 2019. Além disso, desenvolvem um projeto de pesquisa científica financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), no qual dois alunos da escola são os pesquisadores bolsistas.

As mudanças também afetaram positivamente os alunos envolvidos na criação e desenvolvimento das ações do projeto, como esclarece a professora orientadora Fancilma Marinho: “As ações executadas no projeto ajudaram a criar uma identidade escolar, um sentimento de pertencimento que ao mesmo tempo abraça e dialoga com as diferentes vivências e realidades trazidas por estudantes de outras regiões.” 

“Para mim, o projeto teve uma importância muito agregadora e transformadora. Conheci a realidade de outras escolas de ensino regular e também entendi o pensamento delas sobre o IEMA. Foi uma troca de ideias imensa”, complementa Thalyson.

As oficinas continuam acontecendo aos fins de semana, em um verdadeiro processo de troca de conhecimento. E no que se refere ao problema que originou a iniciativa, o grupo conta que não ocorreu mais nenhum episódio de violência semelhante. 

Redação: Andréa Xavier
Edição: Jéssica Moreira
Imagens: Divulgação

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