Rede se mobiliza para garantir propostas pós – eleição municipal do Rio de Janeiro (RJ)
Estudantes, professores de escolas públicas e integrantes de organizações da sociedade civil, do Rio de Janeiro (RJ), estão se mobilizando para repensar e transformar a educação oferecida nos anos finais do ensino fundamental. Batizado de Rede Educação Com Adolescentes (Reca), o grupo têm elaborado desde agosto de 2015 uma série de propostas de melhorias para o ensino a adolescentes da cidade. Como resultado, a Reca promoveu em setembro deste ano um debate com candidatos à prefeitura do município e entregou a cada um(a) um termo de compromisso não só com as propostas, mas também com o diálogo com a Reca e com demais grupos e movimentos da sociedade civil. Agora, no período pós eleições, a rede já planeja as próximas ações para se aproximar da nova gestão municipal.
“Eu sempre fui uma garota tímida, [mas] com meu envolvimento na Reca, pude entender que minha voz é importante”, conta a estudante Ana Beatriz de Moraes, 14 anos, que participou de todo o processo. Na visão da jovem, as principais propostas estão relacionadas à cultura local, ao acesso à internet no ambiente escolar e à participação dos jovens nas decisões do colégio. “Sugerimos ônibus para passeio, porque queremos ter a oportunidade de conhecer outros espaços e internet para fazer os trabalhos e pesquisas. Além disso, queremos grêmios em todas as escolas para termos alunos representantes”, explica Ana. (Clique aqui e conheça todas as propostas).
Para a gerente de educação do instituto Desiderata, que impulsionou as primeiras reuniões do grupo, Joana Milliet, “a ideia de criar a rede surgiu da demanda de pensar no adolescente do ensino fundamental, de 11 a 14 anos, porque esse público é pouco olhado em termos de políticas públicas”. Em setembro deste ano, uma plataforma online foi elaborada para reunir as propostas de adolescentes e adultos sobre a educação que eles desejam para a cidade. Após esse primeiro levantamento, uma série de reuniões da Reca aconteceram até que o documento fosse produzido.
Para Joana, a importância do movimento se dá por meio do aprendizado e trabalho coletivo, mas principalmente, pelo envolvimento dos adolescentes. “Todos são valorizados e se sentem incluídos nesse diálogo. Os estudantes são fundamentais: muitas vezes as escolas não tem uma gestão democrática, mas a participação deles é essencial”.
Segundo Joana, um dos grandes desafios do grupo para 2017 será a aproximação com a próxima Prefeitura. De acordo com ela, o candidato Marcelo Crivella (PRB), prefeito eleito, foi o único que não assinou o compromisso da Reca antes das eleições. “Pretendemos aproximar a rede do novo prefeito e dialogar conforme forem as demandas dos adolescentes. Queremos formar com o novo prefeito um canal de escuta e diálogo”. Para Ana Beatriz, as propostas devem ser debatidas frente a frente entre o novo gestor e os estudantes. “Queremos um debate com ele, um papo reto. Nós sabemos responder quais são os problemas do ensino fundamental, porque somos nós que estamos no dia a dia da escola”, concluiu.
Redação: Vanessa Ribeiro
Edição: Gabriel Maia Salgado
Imagem: divulgação / RECA