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Rio das Mulheres: Cuidar para não morrer

Temas

  • meio ambiente e sustentabilidade
  • mobilização comunitária

Poções - BA

Ano de Inscrição: 2015

status Finalista

ODS

25/01/2018 - Por Criativos

Jovens de Poções (BA) promovem ações de conscientização com agricultores e revitalizam nascentes do Rio das Mulheres.   

Durante a crise hídrica que atingiu vários estados brasileiros em 2015, um grupo de estudantes do 9º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Antônio Carlos Magalhães, de Poções (BA), começou a imaginar o que poderia ser feito para amenizar a situação em seu município. Isso porque as jovens viram de perto nascentes do chamado Rio das Mulheres, principal manancial de água doce da região, serem vítimas da seca. A partir de 2015 teve início, então, um projeto que funciona até hoje em prol da preservação do manancial.

A iniciativa – agora conduzida pelas alunas no Colégio Estadual Eurides Santana – gira em torno de uma ideia bastante simples: “se cuidar, não vai morrer”. Para que as nascentes do Rio das Mulheres permaneçam vivas, o grupo realiza atividades de conscientização com agricultores sobre a importância da preservação e do uso apropriado da água. Além disso, se dispõe a realizar a limpeza dessas áreas, assim como o plantio de mudas fornecidas pela Secretaria de Agricultura da cidade para a recuperação da mata ciliar.

Ao todo foram feitas dez revitalizações até agora, sendo três delas realizadas pelas estudantes que participam doduas-meninas-mexem-na-terra-para-plantio-de-mudas projeto com a ajuda da professora e orientadora, Lucineide Dias, e de técnicos do Departamento de Meio Ambiente da Secretaria de Agricultura de Poções. As outras sete foram revitalizadas pelos donos das propriedades após serem impactados pelo projeto e irem até o grupo buscar as mudas para plantá-las por conta própria.

Segundo uma das alunas envolvidas na iniciativa, o transporte até essas sete nascentes que precisavam de cuidado seria praticamente impossível, já que estão localizadas em áreas de mata fechada e de difícil acesso. Por conta disso, a estudante explica que os agricultores buscaram informações sobre como proceder em relação ao problema: “as pessoas procuraram a gente e nós informamos que, como ainda tínhamos mudas sobrando, poderíamos doar algumas [para que a mata ciliar fosse reconstituída]”, relata ela, animada com o interesse por parte dos proprietários.

A seca atrás das cercas
Brizza relata que além de estarem sujas, muitas nascentes localizadas em propriedades de grandes e pequenos agricultores estão secando por falta de cuidado com a vegetação que as cerca. “Se a mata ciliar não está presente, isso já é um primeiro sinal de problema, porque é ela quem protege a nascente. […] Muitos proprietários de terra não respeitam a distância que se deve ter entre a nascente e uma plantação”, explica a estudante. Fora isso, segundo ela, ainda há muito lixo sendo descartado no manancial, fazendo com que fraldas descartáveis e até mesmo roupas se misturem à água por vezes já contaminada por agrotóxicos.

A aluna explica que, em alguns casos, é preciso também construir pequenas cercas em madeira nas margens das nascentes para que essas não sejam prejudicadas pelos animais. Segundo Brizza, conforme o gado e os cavalos vão caminhando em locais próximos às nascentes, vai acontecendo o processo de assoreamento. Ou seja, sedimentos deslocados devido ao peso dos bichos vão sendo acumulados no fundo do rio, impedindo-o de portar todo o seu volume de água e provocando enchentes.

O poder da conscientização
Apesar do sucesso, outra integrante do grupo, a aluna Bruna Santos, apontou que no início alguns dos agricultores não gostavam de suas intervenções. “No começo eles falavam que estávamos invadindo suas propriedades sem entender nada de agricultura”.

Aos poucos, essa rejeição por parte dos agricultores foi se amenizando. Segundo as meninas, conforme participavam de feiras promovidas na cidade; realizavam palestras em escolas e distribuíam panfletos informativos, iam dando ao projeto mais visibilidade, o que contribuiu para que os proprietários de terra mais desconfiados dessem credibilidade ao projetoestudantes-em-feira-de-ciencias-sorrindo-para-foto. “Com o tempo essa postura [dos agricultores] mudou e muitos deles se sentiram tocados pelo projeto”, lembra Bruna.”

Nascentes para 2018
Apesar de ter dado início à iniciativa há quase três anos, o grupo continua disposto a ampliar cada vez mais sua rede de atuação na cidade. Hoje, as alunas pretendem estabelecer uma parceria com a rádio comunitária da cidade e criar um programa semanal em que possam informar sobre a importância da preservação das nascentes do Rio das Mulheres.

Pensam também em promover um curso de capacitação aos agricultores em conjunto com técnicos e agrônomos da região e com o apoio da Secretaria de Agricultura. A ideia é ensinar métodos de plantio apropriado para a mata ciliar, promover maior conhecimento sobre venenos e agrotóxicos – que, segundo a aluna Brizza, muitas vezes são usados de maneira irresponsável por falta de informação – e garantir, por meio dessas aulas, que a população se una pela preservação do patrimônio natural do município.

 

Redação: Luiza Cruz
Edição: Gabriel Salgado
Imagens: divulgação

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