Após três dias de atividades, os 11 grupos selecionados no Desafio Criativos da Escola 2016 produziram vídeo colaborativo e foram premiados no último dia 06/12, em Salvador (BA).
“Mesmo nos momentos mais conturbados, a gente acredita que é por meio do diálogo, da reflexão conjunta e do fazer que conseguimos seguir adiante. Acreditamos também que dá para se divertir muito enquanto fazemos coisas incríveis”, destacou a coordenadora do projeto Criativos da Escola e diretora de comunicação do Instituto Alana, Carolina Pasquali, durante a cerimônia de premiação do Desafio Criativos da Escola 2016.
Depois de três dias de atividades com mais de 70 pessoas entre estudantes e professores, os 11 grupos selecionados receberam seus troféus e prêmios na última terça-feira (06/12), em Salvador (BA), das mãos de integrantes do projeto Grupo de Apoio e Conselhos (GAC), um dos ganhadores no Desafio Criativos da Escola 2015. Após a inscrição de 1014 projetos realizados em 362 cidades de todas as regiões do país, 10 jurados selecionaram os 11 grupos que mais se destacaram por seu potencial de transformação social, empatia, trabalho coletivo, criatividade e protagonismo dos estudantes.
Também presente na cerimônia, o vice-presidente e CEO do Instituto Alana, Marcos Nisti, apontou a importância de cada uma das histórias e da coragem dos estudantes. “A gente se vê em cada um dos projetos, porque este é o nosso dia a dia: pensar na solução para um problema, estar com o coração nas histórias e ter coragem para buscar a mudança”, afirmou Marcos. E complementou: “nesse ano maluco que mais parece uma obra de ficção, terminar ouvindo vocês [estudantes] é realmente inspirador. Vocês mostram que é possível”.
Criatividade e colaboração!
Mostrando que é possível construir coletivamente um projeto transformador, os estudantes e professores premiados no Desafio 2016 colocaram a mão na massa também em Salvador e elaboraram em menos de dois dias um vídeo demonstrando a importância da colaboração para a mudança da realidade em que vivem.
Para isso, os alunos participaram de oficina com jovens da ONG Engajamundo e contaram com o apoio de seus educadores, além do auxílio de profissionais da área de design e audiovisual. O desafio foi concretizado: com muita criatividade e diversão, os participantes construíram o cenário, elaboraram o roteiro, fizeram o levantamento de dados e de curiosidades sobre os projetos, realizaram entrevistas uns com os outros e deram vida ao vídeo. Veja abaixo o resultado da produção dos grupos durante o Desafio 2016!
Projetos premiados
Além de compartilharem suas histórias e ações transformadoras durante todos os dias de atividades, os estudantes e professores dos grupos premiados puderam contar suas histórias para as mais de 400 pessoas presentes na cerimônia de premiação realizada no Teatro Diplomata, em Salvador. Conheça abaixo os 11 projetos premiados no Desafio Criativos da Escola 2016:
Cruzando os Sertões da Mata Branca – Iguatu (CE)
Para valorizar a caatinga e protegê-la contra o risco de extinção, os alunos criaram um Projeto de Lei para preservá-la. “Conseguimos que a lei fosse aprovada pela Câmara dos Vereadores e nosso sonho é criar também uma lei estadual e uma lei nacional para expandir a valorização do bioma para todos os municípios. Nós vivemos nesse bioma e cabe a nós preservarmos”, destacou o aluno Moisés de Souza.
Descobrindo as riquezas da Gruta do Padre – Santana (BA)
Indignadas com o fato de a 3ª maior gruta do Brasil não receber o devido cuidado, as alunas criaram um site para difundir informações, dados e curiosidades sobre a Gruta do Padre e demandar que o poder público realize ações que preservem essa região. “Nosso principal objetivo é que a [área da] Gruta vire uma unidade de conservação e queremos atrair um turismo consciente para preservar toda a sua riqueza”, destacou a aluna Ana Clara Silva.
Ensinando e Aprendendo – Três Marias (MG)
Para ajudar a diminuir o alto índice de analfabetismo no distrito de Andrequicé, os estudantes passaram a dar aulas a adultos e idosos contando com a orientação de seus educadores. “Os pais dos alunos [do nosso colégio] não conseguiam participar da eleição para a direção da escola e nós fomos até as casas deles para ajudar. Ver a alegria das pessoas escreverem o nome pela primeira vez é muito gratificante!”, conta a aluna Lívia Gonçalves.
Entre versos e rimas: história e cultura local – Cascavel (CE)
Com o objetivo de valorizar a cultura local, os alunos criaram um cordel contando a história da cidade, espalharam para todo o município e transformaram a realidade da escola que passou a trabalhar por meio de projetos. “Imagina se um dia você acorda e não lembra sua história, seu nome? Nosso projeto é para valorizar a história da comunidade e fizemos isso por meio da literatura de cordel que é atrativa e dinâmica. As pessoas que não gostam de música podem ler e as que gostam podem cantar e se divertir”, explicou a estudante Débora Pessoa.
Libras: a voz do silêncio – Itapeva (SP)
Para poder se comunicar com o novo aluno da escola que era surdo, os estudantes mobilizaram toda a escola e conseguiram aula de libras semanais para toda a turma. “Agora o Rafael faz parte do grupo e de nossas brincadeiras. Primeiro aprendemos o alfabeto, depois os sinais e aí fomos espalhando cartazes em libras pela escola”, relatou o aluno Gabriel Santos sobre a mobilização do grupo que, inclusive, organizou uma passeata silenciosa pela cidade chamando a atenção para a importância da educação inclusiva.
O uso do papel reciclado para a produção de embalagem para mudas – Lagoa Vermelha (RS)
Após perceberem o grande volume de folhas utilizadas na escola, um grupo de alunos criou uma embalagem biodegradável para mudas de plantas feita a partir de papel reciclado. Segundo os alunos, a invenção se decompõe em até 25 dias e, além de proteger, nutre e auxilia no desenvolvimento da planta. “Nosso sonho é ver essa receita na mão de todo mundo e todos verem que é possível sim dar o destino correto para o papel”, destacou o aluno Nycholas Turela.
Para além dos muros da escola: intervindo no Jardim Maringá – São Paulo (SP)
Para valorizar o bairro onde o colégio está inserido, os estudantes estão transformando a comunidade a partir de ações coletivas. Entre as iniciativas do projeto, os alunos fizeram a revitalização de uma praça, de um clube comunitário, da escadaria e do muro próximo à escola. “Hoje é totalmente diferente passar do lado da escola e ver o nosso mosaico colorido. Não ter medo de passar pelo lugar e ter orgulho de onde você mora é totalmente diferente, é maravilhoso”, destacou a aluna Isabella Sanz.
Solta esse Black – Rio de Janeiro (RJ)
Para empoderar garotas e combater o racismo e o machismo, um grupo de estudantes formou um coletivo que começou dentro da escola, mas que está transformando as jovens da comunidade onde vivem. “Nosso projeto é de aceitação, motivação e autoestima. Como moramos em uma comunidade que é muito esquecida, queríamos fazer uma coisa bem diferente, que chamasse as meninas pra perto e quebrasse a rivalidade”, contou a aluna Lydianne Ribeiro.
Tenda Móvel – Mulungu (CE)
Criando um espaço de diálogo e escuta com moradores da comunidade de Bastiões, os estudantes ampliaram a participação social e já alcançaram conquistas como o aumento de iluminação pública no bairro. “Nós utilizamos uma metodologia horizontal em que os alunos do projeto e as pessoas da comunidade interagem e pensam em ideias e soluções para melhorar os problemas sociais”, explicou o aluno Erikson de Oliveira. “A gente monta o grupo e dentro da comunidade se reúnem diferentes pessoas para tornar ainda maior o que estamos fazendo”, complementou o estudante Pedro de Lima.
Urupet – Campo Grande (MS)
Para melhorar as condições de trabalho dos catadores de materiais recicláveis, os estudantes criaram um amassador de garrafas pet portátil que diminuiu em três vezes o volume de resíduos carregados em seus carrinhos. “Fizemos várias entrevistas até chegar à conclusão que o volume da garrafa pet era o principal problema deles. Agora, nosso sonho é que as pessoas vejam os catadores de maneira mais humana”, afirmou o aluno Pedro Kohakura.
Utilização de plantas medicinais no município – Rio do Antônio (BA)
Para eternizar o conhecimento passado de uma geração para outra, um grupo de estudantes entrevistou idosos e elaborou um livro sobre as plantas medicinais do município, suas recomendações e contraindicações. Ao todo, o grupo catalogou mais de 70 espécies. “Os idosos se sentiram valorizados e viram que o conhecimento repassado por eles não ia morrer ali. Viram que tinham jovens que se interessavam pelo conhecimento popular”, relata o estudante Wesley Lima.
Redação: Vanessa Ribeiro e Gabriel Maia Salgado