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Jovens curitibanas criam app para ensinar Libras de um jeito diferente

Temas

  • ambiente escolar
  • cidadania e direitos humanos
  • ciência e tecnologia
  • educação
  • inclusão
criança negra aprende língua de sinais em uma sala de estar, ela sorri.

Curitiba - PR

Ano de Inscrição: 2021

status Premiado

ODS

03/06/2022 - Por Helisa Ignácio

Em fase de desenvolvimento, o app Speak Race surgiu para crianças e adolescentes aprenderem Libras e, assim, tornar a escola um lugar para todas as pessoas: surdas e ouvintes.

A pesquisa O que a população brasileira pensa sobre educação inclusiva revelou que 86% dos brasileiros acreditam que as escolas se tornam melhores quando incluem crianças com deficiência. O estudo encomendado pelo Instituto Alana, em 2019, revela também que cerca de 70% das pessoas discordam da ideia de que as crianças com deficiência atrasam o aprendizado das crianças sem deficiência, quando estudam juntas.

Além desse retrato que mostra que o Brasil é favorável a uma educação para todas as pessoas, o nosso país é signatário da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Então, por meio do Decreto 6.949/2009, assumimos o compromisso para que «as pessoas com deficiência possam ter acesso a um ensino fundamental e médio inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade de condições com os outros e na comunidade em que vivem».

No entanto, ainda temos um longo percurso a percorrer para garantir que as escolas sejam espaços para todas as crianças e adolescentes com e sem deficiência. Estudantes de Curitiba (PR), por exemplo, notaram que pouco se fazia para incluir pessoas com deficiência auditiva, não só nos processos educativos, mas também em sua socialização na escola.

Quatro jovens brancas com máscaras de proteção pretas apresentam um trabalho em sala de aula
Integrantes do Speak Race apresentam proposta do jogo – Foto: Reprodução

Em seu projeto de iniciação científica para o Colégio SESI Internacional, então, as jovens Giovana Assis, Eduarda Kurzawa, Giulia Morais e Eduarda Schumancher decidiram se aprofundar sobre as questões das pessoas surdas e da Língua Brasileira de Sinais. E, assim, começaram a desenvolver o Speak Race que foi um dos 50 premiados na última edição do Desafio Criativos da Escola.

Tecnologia aliada para a inclusão

O grupo descobriu que 93% dos estudantes da sua escola não tinham conhecimento básico em Libras e que as principais razões de as crianças não falarem a Língua Brasileira de Sinais eram a dificuldade de aprendizagem e a falta de oportunidade para aprender.

As estudantes promoveram conversas na escola com alunos e também com educadores. A ideia era compreender o grau de interesse da comunidade escolar em se envolver com a iniciativa. Em um primeiro momento, o grupo notou que havia, sim, um pouco de desinteresse. Elas relatam até que muitos decidiram participar das atividades para «matar aula».

Ao buscar possibilidades de como envolver os demais colegas, as estudantes tiveram a ideia de aliar a tecnologia nesse processo. Segundo Giovana Assis, de 17 anos, além da facilidade no uso das ferramentas digitais, era necessário utilizar um recurso que atraísse a atenção de crianças e adolescentes ouvintes, como seus próprios celulares. Por que não criar um app?!

A ideia de um jogo que pudesse introduzir o ensino da Libras veio com o papel que a tecnologia tem, hoje, na educação.

conta a jovem.

Apesar de não saberem muito sobre programação e nem sobre a Língua Brasileira de Sinais, as estudantes se organizaram de acordo com suas afinidades e áreas de interesse para produzir o projeto com embasamento teórico e uma problemática estudada em profundidade. Eduarda, por exemplo, ficou responsável pela parte de programação. Giovana, pela escrita.

Todas buscaram aprender Libras e contaram com o apoio dos professores, tanto nas aulas chamadas de tech studies, na qual aprendem sobre programação, quanto com os feedbacks da orientadora Flavia Ferreira.

A poucos passos de ganhar o mundo

O jogo Speak Race foi aplicado em forma de teste e, de acordo com a educadora Flavia, foi muito bem recebido pela comunidade escolar. Mesmo em versão inicial, a iniciativa despertou interesse fora dos muros do colégio, como de uma escola para surdos que queria aplicar a ideia para a educação infantil e também de uma vereadora da cidade.

Agora, Eduarda Kurzawa (16 anos) conta que o app está em fase de desenvolvimento e que estão em contato com incubadoras para finalizá-lo.

Ainda que apenas 22,8% das pessoas com deficiência auditiva* — consideramos aqui quem tem grande dificuldade de ouvir ou que não ouve de modo algum — utilize a Língua Brasileira de Sinais como forma de se comunicar, a iniciativa possibilita que o conhecimento sobre a língua esteja ao alcance de todos. Enquanto trabalha para terminar o Speak Race, a equipe reflete sobre o impacto do projeto para o mundo.

A educadora Flavia, mesmo de licença maternidade, faz questão de exaltar o projeto como uma possibilidade para mudança de perspectiva para que crianças e adolescentes estejam atentos às questões sociais. A estudante Giovana vê um potencial de mudança na escola.

Além da percepção diferente do ambiente escolar como um lugar inclusivo, eu acho que o nosso projeto trouxe o exemplo de que o colégio também lugar para surgir novos projetos, novas ideias, novos empreendimentos.

finaliza Giovana

*Dado da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 realizada pelo IBGE disponível neste link.

Redação: Helisa Ignácio

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