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Sem Vergonha

Temas

  • gênero e sexualidade
  • bullying e discriminação

Curitiba - PR

Ano de Inscrição: 2017

status Premiado

ODS

20/03/2018 - Por Criativos

Comovidos pelo sofrimento de uma colega homossexual, estudantes do 1º ano do Ensino Médio criaram um projeto para acabar com a discriminação.

De tanto sofrer agressões, ameaças e preconceitos contra sua orientação sexual dentro e fora da sala de aula, a estudante Jessica Monteiro dos Santos, 17, já tinha sido obrigada a mudar de escola uma vez e os problemas ainda assim persistiam. Paralelamente aos estudos formais, a aluna estuda também no Centro Educacional Marista Irmã Eunice Benato, em Curitiba (PR), onde participa de atividades extracurriculares de formação profissional. Em uma dessas atividades, a professora trabalhou sobre o tema da homofobia na sociedade. “Foi então que a Jessica dividiu o preconceito que estava sofrendo com a turma. A sala toda abraçou a causa e decidiu transformar a questão em um projeto”, lembra a colega Yasmin Sumida Bonfim, 18.

A turma então passou a compartilhar também situações de discriminação e/ou homofobia que sofriam ou presenciavam e surgiu a ideia de criar o projeto “Sem Vergonha”: por meio de intervenções na escola de Jéssica, o grupo abriu um diálogo sobre sexualidade, gênero e respeito às diferenças. Tudo isso de maneira leve, descontraída, de jovem para jovem.

O primeiro desafio, e talvez o maior deles, foi convencer a direção da escola a abraçar o projeto. “O diretor não queria de jeito nenhum que o assunto fosse abordado lá. Era como se a situação que eu estava passando não existisse. Mas, com um bom diálogo entre os envolvidos, encontramos formas de lidar com tudo isso de uma maneira pacífica, justa e direta”, lembra Jessica.O apoio da educadora Franciele Heldeberg, que levantou o assunto em sala de aula e orientou o grupo nesse projeto, também foi fundamental para convencer o gestor a permitir que os alunos realizassem quatro oficinas com estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental ao 1º ano do Ensino Médio. Nestas ocasiões, o grupo decorou o ambiente, realizou a produção coletiva de cartazes e distribuiu lembrancinhas com mensagens provocadoras como “o amor é uma coisa muito bonita para ficar no armário”.

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Placas em Sem Vergonha / Divulgação

No final, o colégio acabou se abrindo ao respeito à diversidade e os jovens sensibilizaram até mesmo algumas pessoas que oprimiam a estudante. “Quando a gente leva estes conceitos de forma desconstruída, mostrando que o mundo é feito de diversidade, quem tem preconceito começa a repensar. Isso cria uma semente, que será regada e vai crescer, vai florescer”, acredita a aluna Talita Aparecida dos Santos, 17.

A opinião é compartilhada por Jessica, que se surpreendeu com as manifestações dos colegas de escola após as palestras: “alguns alunos nos procuraram depois, perguntando como conseguir espaço na família para revelar a sexualidade. Foi muito legal!”

Dando voz a uma causa
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Placas em Sem Vergonha / Divulgação

Para a professora Franciele, a união por uma causa comum – apoiar uma colega que estava sofrendo homofobia na escola – foi o ponto alto desta iniciativa. “Acredito que a transformação começou com eles mesmos, pois vários desconstruíram preconceitos, tiveram oportunidade de repensar atitudes e até se libertaram de alguns padrões impostos pela sociedade”, revela. E acrescenta: “além do conhecimento adquirido sobre os temas – sexualidade, gênero e orientação sexual -, eles conseguiram entender como se constrói um projeto, como se defende uma ideia e, principalmente, como se posicionar e disseminar informação em combate a situações de abuso e/ou preconceito”.Prova disso foi que os estudantes conseguiram encontrar uma maneira eficiente de transmitir sua mensagem aos alunos menores, que tinham apenas 7 anos. “Fizemos várias dinâmicas, passamos filmes, fizemos também um teatro para explicar essa questão do padrão da sociedade, como por exemplo: a cor azul, que dizem ser de menino, sobre a mulher ser vista como dona de casa, etc”, lembra Jessica. Segundo ela, as crianças interagiram muito, perguntavam e compartilhavam.

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Placas em Sem Vergonha / Divulgação

Na opinião de Franciele, o projeto serviu como uma oportunidade de empoderamento, de os alunos colocarem a própria voz a serviço de uma causa. Tanto que, depois do “Sem Vergonha”, Jessica pensa em estudar para ser advogada e, assim, lutar pelos seus direitos e também ajudar outras pessoas LGBT.Este ano, os estudantes pretendem transformar o projeto em um coletivo para que os jovens possam se expressar, criar oficinas sobre sexualidade, firmar parcerias com mais escolas e impulsionar as redes sociais para alcançar mais jovens. “Quero um mundo onde todos consigam ampliar os olhares e a mente. Mudar essa coisa de julgar o outro pela aparência, porque a gente tem muito a oferecer, cada indivíduo é um planeta. A gente tem que se unir!”, defende Jessica.

 

Conteúdo originalmente publicado no portal do Believe.Earth, disponível em três idiomas. O Believe.earth é um movimento que propõe uma revolução imaginativa, uma identidade que inspira transformações humanas e ajuda a sociedade a sonhar com um futuro melhor e possível, próspero e sustentável.

Redação: Daniele Zebini

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