Criativos da Escola | O rio que passa em nossas vidas
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O rio que passa em nossas vidas

Temas

  • meio ambiente e sustentabilidade
  • arte e cultura

Santana - AP

Ano de Inscrição: 2016

status Premiado

ODS

17/01/2019 - Por Criativos

Estudantes do ensino médio do interior da Bahia conscientizam a população sobre a importância de rio que abastece a cidade e cobram do poder público local melhorias na gestão de seus recursos naturais.

O rio Corrente, que atravessa a Bahia e deságua no caudaloso São Francisco, é um importante meio de sobrevivência para a cidade de Santana e, principalmente, para seu distrito, Porto Novo. Apesar de abastecer estações de tratamento de água em toda a região e ser fonte de sustento para inúmeros pescadores e para as comunidades ribeirinhas, suas águas não são nada plácidas: vários esgotos afluem no Corrente, a mata ciliar está devastada, não há lixeiras em sua proximidade e, por falta de sinalização, banhistas esporadicamente se acidentam – inclusive mortes já foram registradas.

Educandos do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Edvaldo Flores, localizado em Santana, na Bahia, decidiram “arregaçar as mangas” e unir esforços para mudar o triste cenário desse rio que passa em suas vidas. Elaboraram um projeto que recebe um nome que já resume toda a ideia: “Implantação de lixeiras, sinalização nas margens do Rio e retirada de esgoto”.

“Em minhas idas ao rio Corrente, eu percebi sua importância em nossas vidas e todos seus problemas”, conta a educanda do 3º ano do ensino fundamental, Barbara Heloisa Santos Sousa. “A água que bebemos vem dele, nos finais de semana ele é muito frequentado para lazer, mas, sem placas de sinalização, já aconteceram tragédias. Procurei minha professora e falei: temos um problema”, relembra ela.   

“O rio abastece não só nossa cidade, mas também outras três vizinhas, e não podia ficar como estava. Precisávamos reflorestar suas margens, fazer com que o nosso rio fosse cuidado da melhor forma possível”, conta Laisa da Mata Silva, que também cursa o 3º ano do Ensino Médio.

Conheça também o projeto “Descobrindo as riquezas e importância da Gruta do Padre”   premiado no Criativos da Escola de 2016 e desenvolvido na mesma escola sob o auxílio da professora Deise Nery. 

Estudantes promovem o plantio de árvores nas margens do rio Corrente (BA)

Estudantes promovem o plantio de árvores nas margens do rio Corrente (BA)

Conscientizar para transformar

Depois de ser contatada por Bárbara, a educadora Deise Nery organizou uma visita para começar um diagnóstico da situação. O rio Corrente não atravessa, diretamente, a área urbanizada de Santana, porém banha o distrito de Porto Novo, localizado a poucos quilômetros da escola. “Não tínhamos como ir até lá. Pedimos um ônibus para a Prefeitura. Demoraram, mas, enfim, conseguimos”, conta Laisa.

Lá, promoveram encontros com moradores da comunidade nos finais de semana, visitaram casas e debateram sobre os problemas do rio. Constataram que o esgoto de inúmeras casas era canalizado para o Corrente. “Foi com esse trabalho inicial que surgiu a ideia do projeto, já que não havia saneamento nem lixeiras ou placas de sinalização em torno do rio”, afirma Deise.

Segundo os estudantes, devido a ocupação precária das terras que margeiam o rio (que conta com cerca de 400 pessoas), os moradores não tinham consciências de todos esses problemas. Foi necessário, portanto, realizar atividades para mobilizar a comunidade sobre a necessidade de uma mudança na forma de se relacionar com o rio e exigir ações efetivas do poder público na gestão dessa área.

“A comunidade nos apoiou nessa campanha, gostaram da iniciativa, afinal, era um problema que estava ali, bem visível, e ninguém tinha tomado iniciativa para mudar. Eles acordaram para os problemas do rio Corrente que precisavam ser solucionados”, relata Bárbara.

Ocupar os espaços de políticas públicas

Lixeira usada em projeto de revitalização do rio Corrente

Lixeira usada em projeto de revitalização do rio Corrente

Educadores e estudantes aportaram recursos próprios e instalaram algumas lixeiras em pontos de grande circulação nas margens do rio. Os alunos também conseguiram, por meio da Escola Família Agrícola da região, a doação de inúmeras mudas de árvores e, em uma ação de reflorestamento, mas também de conscientização da comunidade, realizaram o plantio nas margens do rio Corrente. “As margens estavam abertas, sem árvores, e com essa iniciativa solucionamos o problema”, comemora a educadora Deise.

Também decidiram influir na construção da política local, exigindo do poder público providências em relação a situação do rio Corrente. “Escrevemos um projeto de lei e apresentamos na Câmara Municipal de Vereadores”, conta Bárbara. “Muitos vereadores, mas nem todos, gostaram da proposta. Um deles disse que compraria lixeiras do seu próprio bolso”, conta Bárbara.

A Câmara Municipal justificou que, para qualquer providência, principalmente em relação à sinalização e ao fluxo de esgoto despejado no Corrente, seria necessária uma aprovação do prefeito. Um pedido de reunião foi efetuado à Prefeitura. Meses se passaram e, até hoje, a reunião não foi agendada.

“O que conseguimos, efetivamente, foi reflorestar alguns trechos do rio e implantar as lixeiras. A nossa reivindicação de sinalização nas margens, de saneamento e de canalizar o esgoto ainda não foram atendidas”, conta, frustrada, Deise.

Os alunos afirmam que voltarão à Câmara para exigir, ao menos, uma resposta. “As pessoas devem ter consciência de que não podem só tirar do rio e de nossas matas, mas também contribuir para que nossos recursos naturais não acabem”, conclui Laisa.

Redação: Rôney Rodrigues
Edição: Juliana Gonçalves
Imagens: Divulgação

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