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Memorial da Gente

Temas

  • arte e cultura
  • mobilização comunitária

Apodi - RN

Ano de Inscrição: 2017

status Finalista

ODS

24/05/2018 - Por Criativos

Por meio de ensaio fotográfico e visitas a idosos, estudantes resgatam tradições e fortalecem elos com a comunidade em Apodi (RN).

Valorizar a vida no campo, resgatar tradições e reforçar elos geracionais: essa é a proposta do “Memorial da Gente – Resgate de memorias afetivas e preservação do patrimônio histórico”, projeto realizado pelos alunos da Escola Estadual Sebastião Gomes de Oliveira, no distrito de Melancias, zona rural de Apodi (RN).

Realizada por estudantes do 7º e do 9º ano do Ensino Fundamental, a iniciativa é uma das finalistas do Desafio Criativos da Escola 2017 e buscou motivar os alunos a conhecerem a sua própria história. Por meio da ação, o grupo passou, por exemplo, a perceber as mudanças de costumes e a valorizar a preservação da linguagem regional e da identidade coletiva.

Para isso, foram envolvidas pessoas da comunidade por meio de duas ações principais: o registro fotográfico e o garimpo de informações em visitas a moradores idosos da cidade, em busca de suas histórias.

 

Patrimônio histórico e cultural

A fim de mapear o patrimônio histórico cultural da comunidade, desde seus casarões coloniais às vivências e costumes, os alunos montaram um museu fotográfico itinerante e um virtual. “Fotografar é como congelar momentos e foi o que fizemos, além de resgatar nossa própria cultura e identidade, foi uma ótima experiência”, acredita Lusia Leite, que participou do projeto aos 12 anos.

Para preservar a linguagem local, foram coletadas expressões e verbetes que deram origem ao Dicionário de Verbetes e Palavras, denominado “Melanciês”. E mais: após toda documentação e catalogação, por sugestão de uma aluna, o resultado foi levado à Câmara de Vereadores de Apodi para reivindicar a preservação do patrimônio do município.

dois-alunos-vestem-camisas-floridas-e-dançam-no-centro-de-uma-rodaCom continuidade em 2018, o Memorial da Gente resultou, também, na organização do Festival de Teatro e Danças Populares, promovido pela Diretoria Regional de Educação.

“Esse projeto foi um grande aprendizado para todos nós, a partir dele começamos a valorizar e olhar com outros olhos os nossos traços familiares, porque essas famílias têm muito a contar, seus conhecimentos, tradições e vivências para as gerações futuras. De geração em geração, vamos conhecendo algo novo, novas maneiras de interagir, novos costumes e também uma gigantesca cultura construída ao longo de nossos laços familiares”, aponta o aluno Vinícius Freire.

 

Resgate de tradições

grupo-de-alunos-caminha-sobre-vegetação-rasteiraO desafio foi grande. Para se deslocarem por regiões ermas, sobretudo percorridas a pé sob sol escaldante, os estudantes recorreram à criatividade: paramentaram uma carroça e, juntos, conseguiram cumprir a missão de, mais que histórias, coletar emoções.

“Muitos idosos entrevistados são familiares dos alunos e, em grande parte, garantem o sustento da família através de pensão ou aposentadoria. No entanto, as relações de respeito eram esgarçadas, faltava apreciação às experiências vividas pela geração mais velha. Faltava afeto e sensibilidade. A partir das visitas e da escuta, os olhares foram sendo modificados”, observa uma das professoras que orientou o projeto, Patrícia Raposo.

Uma visita importante aconteceu à senhora Maria de Gentil, que recebeu cada jovem com uma bênção individual: um aperto de mão e a verbalização de um “Deus o abençoe”. Essa vivência tocou o aluno Jhoantony Oliveira, na época com 12 anos, que disse ter voltado outras vezes só pra receber a bênção, “uma tradição que está se perdendo e foi muito marcante”.

Já no encontro com os poetas repentistas João de Antão e Cristino, tios do aluno Vinicius Freire, na época com 12 anos, a turma pediu para João recitar um poema sobre a morte de um pai, agricultor, que deixa uma viúva com muitos filhos para criar. “A poesia traduz a dor, o luto da mãe e a dificuldade em cuidar dos filhos. Pedir para ouvir um relato desse tipo sinaliza o respeito e a valorização da vida difícil do sertanejo”, explica Patrícia. Clique aqui e acesse algumas destas poesias.

 

alunos-e-professora-conversam-com-idoso-de-chapéuO fascínio dos objetos antigos

O projeto ajudou os alunos, também, a se sentirem mais à vontade com a vida no campo e suas condições de existência. Eles passaram a estabelecer vínculos mais fortes com os idosos e a reconhecer o valor histórico de móveis e objetos antigos como ferramentas e documentos.

Impressionada com o ferro à brasa usado para passar as fardas dos soldados que chegavam à cidade – encontrado na casa da senhora Laurita Leite – a aluna Graça Silveira, 11 anos, buscou um pedaço de carvão na casa do avô para ver funcionar o utensílio. Espantada, comentou: “como ela conseguia engomar com um ferro tão pesado?”.

Outro objeto que despertou curiosidade nos alunos foi o radinho de pilha de Seu Decinho, que há mais de 50 anos nunca deixa faltar carga para o velho companheiro, sua única fonte de informação. “Esse relato causou encantamento, pois o rádio não é usado entre os alunos que, apesar de estarem no campo, portam seus smartphones com notícias chegando a toda hora com um simples toque na tela”, conta professora Patrícia.

 

 

Você conhece um projeto protagonizado por crianças e jovens que está transformando a escola e a comunidade?

As inscrições para o Desafio Criativos da Escola 2018 vão até o dia 1 de outubro de 2018. Clique aqui, confira o regulamento e inscreva-se!

 

 

Redação: Mariana Della Barba
Edição: Gabriel Maia Salgado
Imagens: Divulgação

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