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Empodera Rio valoriza mulheres de Rio do Antônio (BA)

Temas

  • gênero e sexualidade
  • bullying e discriminação
  • relações étnico-raciais

Rio do Antônio - BA

Ano de Inscrição: 2019

status Finalista

ODS

20/05/2020 - Por Nayra Teles da Silva

Iniciativa finalista do Desafio Criativos da Escola retrata histórias de mulheres da cidade e promove ações para arrecadar roupas e alimentos

Em meio à pandemia do coronavírus, a internet ganhou ainda mais importância ao ser a principal forma de comunicação com o mundo externo para as pessoas que podem ficar em isolamento social. Fotos, vídeos, posts, lives e videochamadas são produzidas em quantidades inéditas a cada segundo. Para além da simples conexão entre pessoas e mundos, o ambiente virtual pode oferecer oportunidade única para exercitarmos a empatia.

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Foi a essa conclusão que chegaram, mesmo antes da quarentena, estudantes do Colégio Estadual de Rio do Antônio, na Bahia. Depois de um perfil falso nas redes sociais divulgar um vídeo com insultos a uma jovem da cidade, as estudantes Carina Oliveira, Natalia Lima e Nara Prates se organizaram no Whatsapp. O grupo foi criado para debater sobre casos como este e sobre o porquê de pessoas do município defenderem a pessoa que fez o vídeo. E assim, nascia o projeto Empodera Rio, finalista da última edição da premiação Desafio Criativos da Escola.

Estudantes fazem ação para o Dia da Gentileza e entregam flores às mulheres de Rio do Antônio (BA)

Estudantes fazem ação para o Dia da Gentileza e entregam flores às mulheres de Rio do Antônio (BA)

A partir das conversas no grupo e de discussões em sala de aula, surgiu a ideia de criar um perfil no Instagram com retratos e histórias das mulheres de Rio do Antônio. “Montamos a página e vimos que, para reverter essa situação de preconceitos e desvalorização, tínhamos que fazer o caminho contrário: valorizar as mulheres da cidade, discutindo questões em que estavam envolvidas”, conta a jovem Carina, de 17 anos.

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Com apoio das educadoras Edna Silva e Maiara Almeida, o grupo abordou temas como feminicídio, lugares geralmente ocupados pelas mulheres na sociedade e seus direitos. Além disso, foram realizados encontros com a leitura de obras sobre o universo feminino, suas lutas e conquistas ao longo dos anos. De acordo com a professora Edna, a iniciativa promoveu mudanças significativas na comunidade: “a diferença de postura é o que primeiro pudemos notar, com a diminuição de frases machistas, na forma como [meninos e meninas] se tratam, na maneira que as estudantes estão se acolhendo e, principalmente, no respeito que desenvolveram a partir de todas as questões tratadas”.

Conheça mais sobre o projeto Empodera Rio no vídeo abaixo:

Valorização e acolhimento andam juntos

Para valorizar as mulheres da cidade, era preciso, primeiro, conhecê-las. Lavradoras, benzedeiras, boleiras, mulheres negras, mulheres plurais. As estudantes abriram o olhar para perceber a diversidade de mulheres da cidade e começaram o trabalho retratando mulheres idosas que são a história viva de Rio do Antônio.

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Os encontros com as mais velhas fizeram as estudantes perceberem o quanto essas mulheres não são ouvidas e muito menos valorizadas por causa de sua idade. Por isso, além da empatia ao ouvir os relatos, os primeiros posts na página do projeto foram dedicados às senhoras idosas.

https://www.instagram.com/p/BwqQ5Z3A15h/

O perfil Empodera Rio causou um grande burburinho em Rio do Antônio e o projeto foi crescendo. Começou com as três estudantes e as duas educadores e, hoje, envolve quase 30 pessoas nas ações que foram além das redes sociais. “Tivemos ações como, por exemplo, peças de teatro sobre feminicídio e o Dia da Gentileza, levantando a autoestima das mulheres, além de irmos a outras escolas para falar do projeto” relembra a estudante Carina.

Entre as atividades do Empodera Rio, que visaram não só valorizar as mulheres de Rio do Antônio, mas também acolhê-las, aconteceu o Varal Solidário. A ação arrecadou roupas e alimentos para mulheres mães que criam seus filhos sozinhas. Por causa da pandemia da Covid-19, no entanto, a segunda edição foi adiada. “Com as medidas de proteção contra o coronavírus, adiamos o nosso segundo varal solidário. Esse varal é destinado às mães de família, principalmente as que são mães/pais [ao mesmo tempo], e aqui aqui em nossa cidade são muitas”, aponta a estudante. 

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Apesar de planos terem sido adiados por conta do coronavírus, as estudantes continuam sonhando com o futuro do projeto. A jovem Carina conta do desejo de montar uma organização não-governamental (ONG) feminina: “parece sonhar alto demais, não é? [risos] Mas vai que um dia a gente consiga!?! Por ora, o grupo se mantém no Whatsapp e no perfil do Instagram, mas, em breve, voltaremos às ruas. O futuro é continuar nos apoiando”. 

Estudantes realizam a atividade Empatia nas Ruas, em Rio do Antônio (BA).

Estudantes realizam a atividade Empatia nas Ruas, em Rio do Antônio (BA)

Feminismo é para todas

As educadoras que orientaram o projeto Empodera Rio celebram a repercussão do Empodera Rio. Como resultado, identificam que pessoas da cidade passaram a acolher a iniciativa de forma carinhosa e a vêem como uma oportunidade de suavizar os dias e dialogar sobre suas vivências. “[Vemos] o impacto na vida, principalmente, das alunas e na forma como elas se defendem e se respeitam enquanto mulheres”, relata a educadora Edna. E completa: “as ações têm minimizado alguns olhares que, antes, eram apressadamente preconceituosos. Está nascendo a sororidade* entre elas e para com as outras pessoas de seu entorno”.

Estudantes realizam conversa em escolas sobre valorização das mulheres.

Estudantes realizam conversa em escolas sobre valorização das mulheres.

Por meio do Empodera Rio, as estudantes aprenderam sobre o feminismo enquanto um  movimento político, social, cultural e econômico múltiplo e diverso, que luta pela igualdade de direitos das mulheres em todo o mundo.

“O projeto em si mudou muita coisa em mim: nunca me vi uma mulher feminista. Sempre achei, na verdade, que era um movimento que de certa forma “separava” as mulheres, mas o grupo me fez ter outra visão. Graças a esses movimentos, hoje, temos direitos e estamos correndo atrás deles de várias formas. Acho que o perfil [do Instagram], nossas ações e discussões são umas delas” finaliza Carina.

Redação: Helisa Ignácio
Edição: Gabriel Salgado

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