A partir de aulas sobre as eleições municipais, estudantes de Ourilândia do Norte (PA) aprendem matemática e conquistam abertura de biblioteca na escola
“Nossa cidade é pequena e logo reparamos nos seus problemas. Antes eu era uma pessoa que só reclamava, mas agora eu sei que também posso fazer coisas boas pela comunidade”. Esse é o relato da estudante Brenda Alves, do 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Madre Teresa de Jesus, que junto com seus colegas de classe conquistou a abertura da biblioteca do colégio, localizado no município de Ourilândia do Norte (PA).
A conquista é um dos frutos do projeto “Democracia na escola”, que se deu a partir da vontade dos jovens aprenderem mais sobre os processos eleitorais. A ação que ocorreu durante o segundo semestre de 2016 se consolidou não só com as aulas dadas pelo professor Romis de Souza, mas principalmente com a conscientização coletiva sobre cidadania e sobre o que poderia ser feito por cada pessoa da cidade.
Começando pela análise crítica da realidade da própria escola, os estudantes se organizaram, cobraram e conquistaram a abertura do espaço da biblioteca até então desativada. A partir deste momento, o grupo também criou um grêmio para que os alunos participem das decisões na gestão escolar. “Foi importante para os alunos entenderem que devem opinar e agir principalmente diante da crise. E, além disso, que possam ver que tem voz e vez”, conta o professor.
Matemática e cidadania
A partir de uma aula sobre estatística em que o professor abordou o conteúdo por meio do exemplo das eleições municipais, um dos estudantes propôs que a turma fosse à Câmara dos Vereadores para conseguir compreender ainda mais sobre o assunto. “Além da visita, os estudantes tiveram uma palestra sobre o quociente partidário e sobre como funcionam as sessões de votação”, explica Romis. 
Após a visita, os alunos foram provocados a analisar o seu entorno e também a propor mudanças para a realidade em que vivem. Para Brenda, a experiência trouxe novas perspectivas quanto à cidade: “olhar dessa forma [para Ourilândia do Norte] incentivou a gente a perceber tanto as coisas ruins como também as coisas boas que existem por aqui”.
Incomodados com o fato de a biblioteca da escola estar desativada, os estudantes se dividiram em frentes de trabalho para conseguir doações, organizar o espaço e dialogar com o poder público. “Meus colegas começaram a perceber uma nova janela de possibilidades e ficaram muito animados com todo o projeto”, lembra o estudante Vanderson Monteiro.
Para Romis, a iniciativa contribuiu também de maneira positiva para aprendizagem da disciplina de matemática: “além de os alunos aprenderem sobre cidadania e políticas públicas, o conteúdo de estatística tornou-se mais atrativo, porque eles passaram a querer fazer as atividades e tiveram um rendimento mais positivo”.
Próximos passos
Além do projeto da biblioteca, o grupo também reivindica a instalação de um semáforo na frente da escola. “Com a falta de sinalização, muitos pedestres sofrem acidentes por lá, inclusive alunos. Os motoristas passam até mesmo por cima das calçadas”, relata Brenda. “Ter o semáforo é de extrema importância para garantir a segurança dos pedestres”, complementa Vanderson.
Segundo Brenda, mesmo que os estudantes tenham mudado de escola para fazer o ensino médio, o grupo segue dialogando com os vereadores para dar continuidade às propostas: “reivindicamos e estamos esperando um retorno para a iluminação das ruas. E isso porque temos casos de alunos que deixam de ir a escola por esse motivo”.
Redação: Vanessa Ribeiro
Edição: Gabriel Maia Salgado
Imagens: Divulgação
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